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Batalha de rima gera polêmica em São Bernardo

Prefeitura e organizadores tentam viabilizar evento, que atrai centenas de jovens à Praça da Matriz

Carolina Helena
Especial para o Diário do Grande ABC
10/05/2022 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


A Prefeitura de São Bernardo e os organizadores da Batalha da Matrix, evento que mobiliza semanalmente centenas de jovens em disputa de rimas na frente da Praça da Igreja Matriz, no Centro, tentam acordo para que o evento aconteça de forma pacífica e não atrapalhe as pessoas que moram ao redor. A batalha ocorre todas as terças-feiras, a partir das 19h, e nas últimas edições a administração municipal tem enviado a GCM (Guarda Civil Municipal) para manter a ordem no espaço. 

A Batalha da Matrix acontece desde 2013 todas as terças-feiras. Os rappers duelam na praça em confronto de rimadores e no fim da noite os participantes elegem um vencedor. Durante a pandemia o evento foi suspenso, porém, com o avanço da vacinação a batalha voltou com tudo e atrai cada vez mais participantes. O Paço de São Bernardo disse, por meio de nota, que abriu diálogo com os organizadores do evento e ofertou “outros espaços públicos que não levem desconforto à vizinhança ou ao trânsito do entorno” para a realização da batalha. 

De acordo com os organizadores, desde 2016 existe acordo com a Prefeitura para que o evento aconteça na Praça da Matriz com horário limite das 22h. O Paço, no entanto, nega e disse que a GCM “não autoriza a utilização de equipamentos de som, como forma de evitar transtornos aos moradores do entorno, conforme prevê a lei municipal 6.323/2013. A legislação não fixa limite de horário”, informou a administração. 

Eder Alexandre, 34 anos, organizador e produtor da batalha desde 2018, disse que a organização encaminhou em dezembro ofício para a Prefeitura para oficializar o retorno do evento. “Tentamos contato com a Secretária de Segurança Urbana e com a Secretaria de Cultura e Juventude para tornar oficial a volta da batalha e buscar parceria com a Prefeitura para que eles possam realmente atuar aqui de alguma forma que não seja por meio da força GCM”, comentou. 

Iago Ferreira, 25, mais conhecido como Milhouse MC, participa da batalha há mais de oito anos, como integrante do duelo ou espectador do evento. Para ele a batalha foi grande oportunidade para desenvolver sua carreira. “A batalha me ajudou muito a crescer no meio do rap. Ela simboliza muito para a cultura e é um espaço de fala para gente que é oprimida. É importante falar sobre a cultura, sobre as coisas que estão acontecendo. Acho importante a gente fazer roda de conversa para conscientizar a juventude”, comentou o músico.

A GCM de São Bernardo identificou na noite de 26 de abril o consumo de drogas durante o evento e, de acordo com a Prefeitura, a corporação faz a vigilância do local para evitar esse tipo de situação. “A GCM presta apoio ao evento com intuito de evitar o consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade e o uso de drogas, como ocorria no passado. A corporação mantém sua presença justamente visando esse controle, uma vez que materiais com apologia ao uso de maconha foram distribuídos no local”, informou o Paço. 

Eder afirma que a batalha não incentiva o uso de drogas ou bebidas e trabalha a conscientização da juventude. “Eles dizem que aqui tem tráfico de droga, que tem menor bebendo e querem responsabilizar a organização da batalha por isso, sendo que a gente não vende bebida nem incentiva o uso. A gente tenta conscientizar o máximo possível as pessoas. Só que o uso de droga é um problema social que afeta toda a nossa sociedade e a gente tenta trabalhar em parceria com a Prefeitura”, explicou o organizador.




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