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Três blocos querem presidência da Câmara
Raphael Di Cunto
do Diário do Grande ABC
25/11/2010 | 07:33
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A sete dias da eleição para a mesa diretora da Câmara de Rio Grande da Serra, três blocos disputam a presidência do Legislativo, sem chances claras de vitória para nenhum dos lados, em uma disputa que pode deixar a Casa nas mãos da oposição.

PSDB, com quatro vereadores, PT, com dois, e PV, também com dois, mas que conta com o apoio do PTB de João Batista Dias, o João Mineiro, formaram três grupos distintos na eleição.

O principal entrave para chegar a acordo conjunto é que nenhum dos blocos tem intenção de desistir da presidência e não há nenhum grupo com força suficiente para atrair os outros - são necessários cinco votos para eleger a chapa.

O PSDB lançou Waldemar Perillo e já ouviu do prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB) que quer um tucano no comando da Casa. O chefe do Executivo, porém, também descartou acordo com o PT que deixe o partido com a vice-presidência, como tentaram articular nesta semana.

O PV, que teve o presidente no atual biênio, já avisou ao prefeito, em reunião há dois dias, que o verde Manoel Missias não desistirá do cargo, que deve ser revezado com o petebista João Mineiro - um ano para cada.

Após a negativa do PSDB, o PT quer se aliar ao bloco PV/PTB, mas esbarrou no acordo entre os partidos e na intenção de eleger seu próprio presidente, o petista Cláudio Manoel de Melo.

O bloco entre os três partidos, articulado há meses entre o presidente da Câmara, Edvaldo Guerra (PV), e Claudinho, não prospera por falta de definição entre o nome do presidente, ou dos presidentes, se realmente ocorrer revezamento.

 

Independência - Para o vereador Claudinho, seria bom para o Legislativo ter um bloco mais forte para pressionar o prefeito. "No governo do Ramon Velasquez (eleito pelo PT em 2000), o Kiko foi presidente da Câmara por duas vezes e não houve problema com os trabalhos", afirmou.

Guerra, que deixou a base aliada de Kiko para ingressar na oposição neste ano, concorda com a postura. "A Câmara foi muito desrespeitada pelo prefeito. Precisamos mudar esse posicionamento", disse.

Perillo, que já desistiu da candidatura à presidência do Legislativo em 2008 a pedido do prefeito, tenta articular com o bloco PV/PTB para se eleger desta vez.

Com quatro apoios dentro do PSDB, falta apenas um voto para tornar a chapa vitoriosa, mas, de novo, o acordo esbarra na vontade de todos os grupos lançarem nome próprio para a disputa.

"Não discutimos cargos (na mesa diretora). Isso só ocorre quando tivermos o quinto voto", ressaltou.

Vereadores ouvem secretário de Saúde

O secretário de Saúde de Rio Grande da Serra, Carlos Eduardo da Silva, prestou esclarecimentos à Câmara ontem, convocado por requerimento do vereador Cleson Alves de Sousa (PT) para explicar a falta de médicos na rede pública do município.

Segundo o secretário, o problema ocorre porque acabou em agosto o contrato emergencial com a MRF - Médicos Associados, empresa acusada pelo MP (Ministério Público) de fraudar a licitação e superfaturar os serviços de fornecimento de médicos.

A substituição da empresa, porém, esbarrou em recomendação do MP, que era contra a contratação do vencedor, o Hospital Marques Campos, por causa de investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) que apontou irregularidades no hospital.

"Por isso, tivemos que selecionar médicos para dar plantão na rede municipal sem passar por nenhuma empresa, enquanto não é escolhida a OSS (Organização Social de Saúde) que vai fazer a gestão da UBS (Unidade Básica de Saúde) Central", afirmou Silva.

Contudo, ainda segundo o secretário, muitos médicos pediram exoneração. "Hoje, eu estou com 17 (médicos). Mas a quantidade é muito flutuante", declarou.

A solução seria o contrato com a OSS, que deve ser escolhida hoje entre quatro interessadas. A entidade selecionada passa a prestar o serviço a partir de 6 de dezembro, se não houver recurso.

Para o presidente da Câmara, Edvaldo Guerra (PV), as respostas foram insuficientes. "A Saúde não avançou nada desde que ele assumiu", afirmou. Já o vereador Clodoaldo do Nascimento rebateu: "A falta de médicos ocorre em todas as cidades. Eles (oposição) só criticam para aparecer."

Orçamento é aprovado em definitivo

A Lei Orçamentária de 2011 foi aprovada pela Câmara de Rio Grande da Serra ontem, em segunda votação, sem discussões no plenário. A peça estima a arrecadação do município em R$ 49 milhões no próximo ano e estabelece como gastos prioritários a Educação, com 28% da receita, e Saúde, com 20,84%.

Mesmo a bancada do PT, que faz oposição ao prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB), não se manifestou contrária ao planejamento para 2011.

"O orçamento é bastante enxuto, não tem muita possibilidade de remanejamento", justificou o vereador Claudio Manoel de Melo, o Claudinho (PT).

Segundo o colega dele, Cleson Alves de Sousa (PT), a secretária de Finanças, Antônia Constâncio, já explicou os pontos que a bancada achava nebulosos. "Tínhamos algumas dúvidas sobre o destino das subvenções para as entidades, mas ela afirmou que os R$ 610 mil vão para grupos como a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais)", disse.

O petista ressaltou, porém, que o principal do orçamento é a possibilidade de cobrar o prefeito depois. "O mais importante vai ser a fiscalização das metas estabelecidas", avaliou.

O planejamento para 2011 prevê crescimento da receita do município em 11% - vai passar dos atuais R$ 44 milhões para R$ 49 milhões.

A Prefeitura estima investir 16% do orçamento, equivalente a R$ 8 milhões, em infraestrutura e compra de equipamentos. Entre as obras previstas na peça está a construção de prédio para a Câmara Municipal, do Terminal Rodoviário, ambos com R$ 50 mil, e pavimentação de ruas, com R$ 200 mil.




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