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'Maratona' volta a ser encenada mais de 20 anos depois
Do Diário do Grande ABC
21/03/2000 | 16:10
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"Maratona", a primeira peça de Naum Alves de Souza, o cenógrafo que virou dramaturgo e foi destaque do teatro carioca nos anos 80, ganha nova encenaçao no Rio, a partir de quinta-feira, no Teatro Cândido Mendes. A iniciativa é do ator Rogério Fabiano, que divide a cena com Fátima Freire, e do diretor Darson Ribeiro e demorou a entusiasmar Naum que, depois desse texto, fez sucesso com "No Natal a Gente Vem te Buscar" e "Aurora da Minha Vida", com Marieta Severo, e "Suburbano Coraçao", com Fernanda Montenegro.

"Estou muito curioso e meio nervoso com essa montagem, porque é meu primeiro texto e hoje o vejo cheio dos defeitos de um iniciante", diz Naum, atualmente na curadoria do setor de arqueologia da exposiçao Brasil 500 Anos - Mostra do Redescobrimento, que ocupará o Ibirapuera no mês que vem. "Essa é uma das minhas peças mais montadas econfiei no Darson, que soube aparar as arestas da minha inexperiência e aquelas trazidas pelo tempo."

O diretor Darson Ribeiro assume que mexeu no texto original de "Maratona", que fracassou entre o público e a crítica, em 1977, quando estreou em Sao Paulo, mas foi um sucesso retumbante em suas montagens pelo Brasil afora, a partir da primeira delas, em 1979, no Rio. "Nao houve necessidade de atualizar as referências da peça porque Naum mexe com o que nós temos de lúdico, faz uma fábula moderna em que se colocam em jogo nossos sentimentos, angústias e sonhos", adianta Ribeiro.

Como em toda peça de Naum, o passado e o presente se misturam em cenas que se ligam como esquetes. Em "Maratona", um homem e uma mulher adultos repassam suas vidas e a convivência comum enquanto participam da competiçao que dá título à peça. Nao fica claro se eles sao amigos, marido e mulher ou irmaos, mas a intimidade que vem da infância é um dos pontos de partida do conflito entre os dois. A história que eles vivem é pontuada por música que vai de trechos da ópera "Tristao e Isolda' à roqueira inglesa Lisa Stanfield, sem contar as oito cançoes criadas especialmente para a montagem por Liliane Secco.

Na atual montagem, o cenário é neutro, para nao se identificar onde nem quando a açao se passa e, nele, Fátima Freire e Rogério Fabiano praticam vários esportes enquanto relembram momentos importantes de sua convivência. "O que se discute na peça é a maratona da nossa vida, para onde vamos, para que estamos indo e como pretendemos chegar", conta Fabiano que entre dirigir e atuar está perto de completar 50 anos de teatro. "O bom do texto é que os personagens vao e voltam no tempo e no minuto seguinte em que eu sou criança despreocupada, volto a ser adulto", continua. "Um ótimo desafio para o ator."

Fabiano conseguiu R$ 32 mil para a produçao e, apesar de tê-la inscrito nas leis de patrocínio, conseguiu apenas uma parceria, a da prefeitura do Rio, que entrou com 25% do total. Mas Fabiano e Darson estao confiantes no sucesso de "Maratona" e já têm o ano de 2000 todo planejado: ficam até o fim de julho no Rio, depois montam em Sao Paulo e terminam a temporada viajando pelo país.




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