Economia Titulo Investimentos
BC corta Selic e ganho da poupança cai

Taxa básica atinge menor patamar da história,
com 8,5%; caderneta terá correção de 5,95%

Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
31/05/2012 | 07:09
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Mais uma decisão que visa a redução dos juros no País foi tomada ontem. O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reduziu a taxa básica de juros, a Selic, de 9% para 8,5% ao ano - o menor patamar já registrado. Conforme o boletim Focus do BC, divulgado na sexta-feira, dia 25, o mercado já estimava corte de 0,5 ponto percentual.

O impacto maior dessa redução, que começou em agosto, quando os juros caíram de 12,5% para 12% ao ano, será sobre os ganhos das pessoas que têm dinheiro guardado em poupança. Todos os depósitos feitos desde o dia 4 têm rendimento atrelado à 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial). Antes, o ganho da caderneta, fixado em lei, era de 6,17% ao ano mais TR, ou seja, não acompanhava as decisões do BC. "Como o ganho de 6% era garantido, qualquer queda na taxa Selic tornava a poupança mais atrativa", explicou a professora do curso de Administração da ESPM Cristina Helena Pinto de Mello.

Essa aplicação também tem boa fama porque nela não há cobrança de taxa de administração, de Imposto de Renda e nem de custos inclusos em fundos, por exemplo, que acabam deteriorando o rendimento. O ganho financeiro menor pode acarretar na fuga dos investidores que têm valores alocados nos fundos de renda fixa, que possuem, entre seus ativos, os títulos públicos. "Com isso, o governo perderia dinheiro usado para financiar a dívida pública", lembrou Cristina.

Após a mudança da Selic ontem, o rendimento da poupança cai para 5,95% mais TR, segundo informações do Ministério da Fazenda. No entanto, essa nova rentabilidade só é válida quando a taxa Selic for de 8,5% ao ano; se houver outro corte na taxa, a correção da poupança também diminui. "A partir de agora a possibilidade de planejar rendimento alto sem risco nenhum é menor. Para ter ganho elevado será necessário aceitar um pouco mais de riscos", comentou o professor de Economia e Finanças da Fundação Dom Cabral, no Rio de Janeiro, Rodrigo Zeidan. Ele lembra que a taxa real de juros hoje (descontada a inflação) é de 3,5% ao ano.

CRÉDITO - Segundo o diretor executivo de estudos econômicos da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, é provável que os juros das linhas de crédito sofram recuos maiores do que a própria Selic. "Podem chegar a até três pontos percentuais." Oliveira também explicou que os bancos serão mais estimulados a anunciar novas reduções nos juros dos empréstimos. Por enquanto, o impacto dos cortes na Selic deve ser pequeno. Quem usa R$ 1.000 no cheque especial por 20 dias, por exemplo, pagaria R$ 55,20 de juros com a taxa antiga e, agora, desembolsa R$ 54,93 - diferença de R$ 0,27. "Essas reduções estão mais relacionadas à estrutura do sistema bancário, que vai desde a falta de concorrência dos bancos até a inadimplência, do que com a Selic",disse Zeidan.




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