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Morre João Gava, 109, um dos mais longevos da região

Idoso faleceu de causas naturais e foi enterrado em São Bernardo; ele era colaborador do centro de memória da cidade

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
30/04/2022 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


São Bernardo perdeu na quarta-feira João Gava, um dos moradores mais longevos da cidade. O idoso faleceu de causas naturais aos 109 anos, idade recém-completada, no dia 26 de abril. Ele foi encontrado morto por enfermeiros da casa de repouso onde estava internado havia pouco menos de um mês, em Santos, no Litoral, cidade que adotou há 15 anos. Gava foi enterrado no início da tarde de ontem, no Cemitério-museu de Vila Euclides, em São Bernardo, no túmulo da família, na via central de acesso à capelinha.

O são-bernardense era marceneiro aposentado e colaborou por anos com o Centro de Memória de São Bernardo. Ele nasceu no antigo bairro dos Meninos (atual Rudge Ramos) e chegou a morar ainda quando criança em Diadema. João Gava tinha dois irmãos e se casou três vezes. Teve dois filhos de sangue e dois de criação. Todos, entretanto, já morreram. 

Em abril de 2020, aos 107 anos e durante o primeiro pico da pandemia da Covid-19, João Gava concedeu entrevista exclusiva ao Diário. Na ocasião ele relembrou sua trajetória de vida, relação com a cidade, e ainda falou sobre a experiência de ter passado por outras pandemias, como a gripe espanhola, por exemplo. “Passei por todas (as pandemias, epidemias e demais doenças), porém, só pela conversa dos outros. Ouvi falar em febre amarela, febre tifoide, tísico (tuberculose), peste bubônica, mas não sabia o que eram”, explicou Gava na época. 

“Dizem que (o novo coronavírus) depois dos 60 anos é perigoso. Imagina para mim, com 107? (risos). Mas não estou com medo de pegar. Se eu passar por esta, acho que vou chegar aos 110 anos. Porque tenho vontade de viver”, continuou o morador, que pelo menos até 2020 vinha sozinho da Baixada Santista para São Bernardo, onde visitava com frequência o cemitério onde foi sepultado e outros locais. 

Grande amigo de João Gava, o jornalista Ademir Medici, 71, que é responsável pela coluna Memória do Diário, conhecia o aposentado havia mais de dez anos. Medici apresentou Gava à seção de pesquisa e memória de São Bernardo. “Desde então ele se tornou o mais veterano da turma. Dois dias antes de falecer, quis saber sobre o andamento da guerra da Ucrânia. No dia do seu aniversário deixou uma gravação agradecendo os votos recebidos dos amigos que se reúnem mensalmente no centro de pesquisa da cidade. Muito triste com a partida de um pai querido. Tenho certeza que João Gava continuará a ilustrar por muito tempo ainda a memória de todos nós”, desabafou Medici. 

Gava doou ao Diário seus manuscritos que redigiu até quase o fim da vida, sua carteira profissional e fotos originais da juventude. 




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