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Ciro diz gestão da economia gera inflação
Simpi
16/03/2022 | 00:05
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A inflação hoje é um episódio global, mas no caso do Brasil, o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes acredita que os altos índices resultam do modelo de gestão da economia escolhido pelo governo brasileiro. Em entrevista exclusiva ao programa A Hora e a Vez da Pequena Empresa, que pode ser visto no YouTube, Ciro Gomes ressalta que estamos passando pela maior inflação desde 2016, com impacto direto nos combustíveis, energia elétrica e alugueis, cuja administração de preços é responsabilidade do governo. 

Além disso, segundo ele, a inflação reflete também nos alimentos porque o Brasil destruiu sua estrutura de abastecimento. Ciro acredita que o momento é de aprofundar um diagnóstico inteligente sobre o País, que já esteve entre os que mais cresciam no mundo. “Por que de repente não crescemos mais? Se o solo e o povo são os mesmos, é a política que está fracassando. Foi o modelo de economia e de gestão política que trouxeram a crise para a história do Brasil”.

Apesar do cenário negativo, o ex-ministro não prevê uma crise institucional. “Não vejo risco de ruptura institucional porque nessa conjuntura, nenhum grupo social sustentaria uma aventura, seja o empresariado financeiro ou de produção, nem as igrejas ou o Exército. Considero que um dos grandes problemas do Brasil é a falta de confiança na política, especialmente entre os jovens. Ao tentar a reeleição, Jair Bolsonaro (PL) vai produzir barulho, mas não acredito que terá grandes reflexos”. Ciro vê o Brasil com preocupação. São 14 milhões de desempregos e mais de 60 milhões de brasileiros trabalhando em condições de precarização. “Do ponto de vista econômico não houve na história do Brasil uma década inteira com crescimento zero, como ocorreu entre 2010 e 2020”, lamenta.

O ex-ministro também defendeu as micro e pequenas empresas, que empregam sete a cada dez trabalhadores formais no Brasil. “Estas empresas estão se esforçando para manter em funcionamento, mesmo com as altas taxas de juros, custos de produção absurdos e a retração de consumo da população. Todo privilégio para as grandes empresas já foi dado. Precisamos ajudar as pequenas, dar o folego necessário para a retomada do desenvolvimento e reestruturação do mercado interno, a exemplo do reparcelamento das dívidas tributárias, garantido recentemente pela derrubada do veto 8/2022. Os tributos no brasil são absurdos e oneram demais”, conclui.

Conjuntura econômica

A crise do leste europeu tem criado um clima de apreensão para a economia brasileira, principalmente pela elevação do preço do barril de petróleo, na avaliação do economista Otto Nogami. “Como nossa economia é altamente dependente da importação dos derivados de petróleo, isso pode impactar diretamente nos preços de produtos, refletindo no efeito inflacionário”, afirma. Segundo ele, por conta disso, o Banco Central vem sistematicamente aumentando a taxa de juros e, com esse novo impulso na inflação, haverá novo aumento, provavelmente acima de 12,5%, implicando em forte recessão. “A intenção do governo é interferir na precificação dos derivados de petróleo junto à Petrobras, mas isso pode comprometer a saúde financeira da empresa”, explica. 

Crédito mais caro

Com as taxas de juros aumentando, bem como o índice de inadimplência e as projeções de crescimento caindo, a tendência é que os bancos retraiam a oferta de crédito. De acordo com o economista Roberto Luis Troster, os critérios devem ficar mais rígidos, aumento de exigências e taxas maiores. “Com menos crédito, o motor da economia anda mais devagar. Seria o momento ideal para agir na direção contrária, ou seja, os bancos deveriam fazer o dinheiro circular”, acredita. Ele ressalta que o Brasil é o único país no mundo que tributa o crédito, o que torna seu custo muito alto para empresas e pessoas físicas. 

Este material é produzido pelo Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústriado tipo Artesanal do Estado de São Paulo)




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