Quase 8.500 alunos do Grande ABC deixaram de estudar em colégios privados em 2021 e passaram a frequentar escolas das redes municipais. O levantamento feito pela equipe do Diário, com dados fornecidos pelas prefeituras, expõe outro dos reflexos sórdidos da pandemia, qual seja, o do empobrecimento da população. O desarranjo na economia causado pelas medidas de combate à expansão do novo coronavírus desaguou na carestia que atingiu em cheio a classe média. Sem dinheiro para custear a educação, boa parte de pais e responsáveis precisou recorrer ao ensino público.

Graças ao planejamento das prefeituras, cujos líderes e servidores das secretarias de Educação já haviam identificado a possibilidade de o movimento migratório de alunos acontecer no começo de 2022, houve tempo suficiente para que as estruturas municipais fossem reforçadas para atender à demanda extra. Não foi à toa que vários prefeitos da região passaram as últimas semanas anunciando programas e projetos destinados a melhorar e a fortalecer as escolas.

Que, ao matricularem as crianças nas escolas municipais, pais e responsáveis mantenham sobre o poder público a vigilância e a cobrança por ensino de excelência, assim como é comum nas redes privadas. Só com tais envolvimento e participação é que a educação gratuita vai avançar e atingir o mesmo padrão da particular. Espera-se que a melhora substancial na qualidade do ensino seja um legado positivo da pandemia, que tantas tristeza, angústia e lamentações já causou à humanidade desde que surgiu, há quase dois anos.

Infelizmente, a educação não foi a única afetada. Os prefeitos precisam se preocupar também com outros setores. A crise causada pela pandemia vai pressionar os demais serviços públicos. Como a saúde. São muitos os trabalhadores que, demitidos nos dois últimos anos, perderam o direito aos planos que lhes asseguravam, assim como a seus familiares, atendimento em clínicas e hospitais privados. Haverá mais demanda. É bom os municípios estarem preparados.