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Chile lembra com violência os 20 anos de atentado contra Pinochet
Da AFP
07/09/2006 | 20:07
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O Chile recordou nesta quinta-feira com algumas demonstrações de violência os 20 anos do fracassado atentado contra o então ditador Augusto Pinochet, que escapou ileso, mas no qual morreram cinco de seus guarda-costas.

O Exército lembrou a data com uma missa celebrada na catedral militar, que, durante a madrugada, foi alvo de um atentado incendiário, que provocou danos sem importância em sua fachada, e sem nenhum ferido. Na missa se recordou a morte dos cinco militares na emboscada de 7 de setembro de 1986, quando o ex-ditador regressava de sua residência de campo em El Melocotón, a 50 quilômetros de Santiago.

O aniversário também serviu para a ocorrência de distúrbios na Universidade de Santiago, enquanto a Assembléia pelos Direitos Humanos convocava uma manifestação para o domingo, para recordar os 33 anos da morte do presidente socialista Salvador Allende durante o golpe militar de 11 de setembro de 1973, liderado por Pinochet.

Os seis veículos mais as duas motocicletas da comitiva presidencial foram atacados com foguetes LOW, metralhadoras e fuzis por jovens guerrilheiros da FPMR (Frente Patriótica Manuel Rodríguez), braço armado do Partido Comunista.

O Mercedez Benz blindado, no qual estavam o ditador e seu neto de dez anos, recebeu o impacto de um foguete que não explodiu. O motorista de Pinochet conseguiu dar marcha a ré a mais de 100 km por hora e voltar à residência de campo, com o ditador e o neto são e salvos.

"Foram verdadeiros heróis, que cumpriram seu dever e salvaram o Presidente do Chile", disse a esposa do ex-ditador, Lucia Hiriart, após a missa. Além disso, ela assegurou que seu marido pediu perdão pelas mais de 3 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos durante seu regime de 17 anos (1973-1990).

"Ele disse muitas vezes que se enganou, por isso pediu perdão às pessoas que morreram, tanto as nossas, como as opositoras", assinalou Lucia Hiriart.

Pinochet, entretanto, nunca reconheceu publicamente seus erros e tampouco pediu perdão aos familiares de sua cruel ditadura. "Perdão por quê? São eles que têm de me pedir perdão", disse em alto e bom som em sua última entrevista a uma emissora de TV de Miami, em novembro de 2003, dias antes de completar 88 anos.

Por outro lado, o Partido Comunista definiu o atentado como "um ato de dignidade patriótica", em uma declaração pública. "Reivindicamos o atentado como uma legítima e patriótica ação combativa, de alto conteúdo ético e moral, que pretendia remover o obstáculo para avançar na conquista da democracia", assinalou o PC chileno em sua declaração.

A nota também afirma que, apesar de não ter cumprido seu objetivo, o atentado serviu "para terminar com o mito de invencibilidade da tirania".

Nos choques com a polícia em frente à Universidade de Santiago, um número indeterminado de manifestantes foi preso. A polícia teve que utilizar jatos de água e gases lacrimogêneos para dispersar as centenas de manifestantes, que instalaram barricadas na avenida Alamenda, que teve o trânsito interrompido.




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