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SOS Carlos Gomes Nos tempos do vai-e-vem. A descoberta da Senador Flaquer.

O andreense Antonio Carlos Rizzo inspira-se na notícia da reabertura do Cine Carlos Gomes para traçar um perfil da cidade com ênfase no lazer de antigamente

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
23/01/2022 | 05:11
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“Eduardo Valente Simões foi alto funcionário da Cia. Química Rhodia Brasileira de 1931 a 1972. Na época do cinema mudo começou a namorar com Italia Arnaldi, de família ligada a proprietários do Cine Carlos Gomes e ambos, ela ao piano e ele ao violino, chegaram a ser responsáveis pelo fundo musical de acompanhamento de filmes mudos. Com certeza, Eduardo participou da aproximação entre o Carlos Gomes e o Clube Atlético Rhodia”.
Cf. Antonio Carlos Rizzo

Eixo de lazer
Texto: Antonio Carlos Rizzo

De 1925, quando o Carlos Gomes inaugurou suas novas instalações, a 1950, quando da inauguração do Cine Tangará, a Rua Senador Flaquer recebia não só os frequentadores das sessões cinematográficas noturnas como também rapazes e moças na doce paquera do vai-e-vem.

Num raio de 80 a 100 metros, tendo o Carlos Gomes como epicentro, aos sábados e domingos rapazes postavam-se nas calçadas, devidamente engravatados, e as moças, de braços dados, transitavam num vai-e-vem que durava até pouco depois das 22h, quando terminava a última sessão.

Naquela primeira metade do século XX, as principais atividades de lazer da população de Santo André estavam ligadas ao cinema e a eventuais bailes ou reuniões socio-culturais em clubes como o da Rhodia, Primeiro de Maio, Corinthians local e a Sociedade Savoia, da colônia italiana.
A inauguração do novo prédio do Carlos Gomes, em 1925, coincidiu com a fundação do Clube Atlético Rhodia, que pouco depois instalou sua sede na fachada interna do cinema que se expandia.

Carlos Gomes, Clube Atlético Rhodia e Savoia passaram a fazer parte do principal eixo de lazer da cidade. Bem em frente ao Carlos Gomes havia área deserta ocupada esporadicamente por parques de diversões e circos ambulantes.

Santo André surgiu com a passagem da estrada de ferro, em 1867. A sede do município – a Vila de São Bernardo – ficava distante. Com isso, Santo André demorou a ter sua praça central como as que abrigam a igreja matriz, edifícios públicos, cine/teatro e casas comerciais por tantas cidades brasileiras.
Na década de 50, com o Cine Tangará num dos extremos da Rua Coronel Oliveira Lima, o vai-e-vem da Senador Flaquer ganha novo espaço entre o Largo da Estátua e o novo cinema.
Na mesma década de 50, o prefeito Fioravante Zampol contratou o urbanista Prestes Maia, ex-prefeito de São Paulo, com a intenção de repaginar o espaço urbano de Santo

André. Prestes Maia quis criar uma nova praça central e sugeriu que todo o espaço do triângulo formado pelas ruas Coronel Oliveira Lima, Luiz Pinto Flaquer e Albuquerque Lins fosse demolido e transformado em praça pública, com a inversão da fachada da igreja do Carmo. O projeto não prosperou.

NOTAS DA MEMÓRIA
1 – Além do cinema, bailes e reuniões culturais, a juventude andreense tinha como lazer o futebol e a bocha, com campos e canchas por toda a cidade.
2 - Deve-se acrescentar à lista de clubes outras associações de fábricas, como o salão do CA Pirelli, o da Firestone e o do Aramaçan, que marcou época na Rua Alfredo Flaquer.
3 – A Praça do Carmo nasce com a igreja e ganha formato na década de 1930, quando se faz o primeiro ajardinamento, que contou com a participação popular em mutirão.
4 – O vai-e-vem transferido da Senador Flaquer para a Oliveira Lima ganha força quando dos desfiles carnavalescos, destacando-se os embates entre Ocara e Panelinha.
5 – Ainda bem que o projeto de Prestes Maia não prosperou. Pela descrição geográfica de Antonio Carlos Rizzo, um dos prédios a ser sacrificado seria o Quitandinha, que um dia abrigou o Clube de Xadrez.

ENGRAVATADOS. Rapaziada em dia de formatura no interior do Cine Carlos Gomes, provavelmente na década de 1960

Crédito da foto – Acervo: Joel Vicente; divulgação: Claudia Ferreira, do blog Santo André Ontem e Hoje

RIZZO. Lembranças da Santo André que por décadas experimentou o vai-e-vem que resultou em tantos romances, alguns para a vida toda

Crédito da foto  – Osvaldo Ventura/Banco de Dados (13-11-2007)

DIÁRIO HÁ MEIO SÉCULO
Domingo, 23 de janeiro de 1972 – Ano 14, edição 1748

MANCHETE – Inglaterra admitida no Mercado Comum Europeu.

HISTÓRIA – No ano do sesquicentenário da Independência do Brasil, o Pouso Paranapiacaba ou Casa de Pedra, no início da descida da Serra do Mar, está sendo reformada, perdendo o seu estilo original.

A casa, inaugurada em 1922 por Washington Luís, foi transformada em escritório e acampamento de uma das firmas empreiteiras que realiza obras de alargamento e recapeamento do Caminho do Mar.

EM 23 DE JANEIRO DE...

1922 – Anúncio: Lança-Perfume Rodo, o melhor. Fabricante: Companhia Química Rhodia Brasileira, em São Bernardo (hoje Santo André).

1932 - Inaugurado em São Caetano um rinque de patinação de propriedade da empresa Lorenzini, denominado "O meu rinque".

1957 – São Caetano escolhida para sede de uma divisão do Lions Clube.

1977 – Inaugurado o novo Centro Educação Sesi 221, na Rua Itatinga, Parque Jaçatuba, em Santo André. Anteriormente a entidade funcionava no Clube da Rhodia.

1987 – O prefeito Aron Galante tomba os primeiros nove monumentos históricos de São Bernardo, entre os quais a capela dos Casa, a Chácara Silvestre e a Casa dos Esportes.

HOJE
Dia Mundial da Liberdade. A data foi criada pela ONU e proclamada pela Unesco.

SANTOS DO DIA
João Esmoler
 Ildefonso
 Nicolau Gross

Falecimentos 

Valdomiro Tolotti
(São Bernardo, 16-11-1939 – Aguas da Prata, SP, 16-1-2022)

Filho de Daniel Tolotti e de Angela Valério, Miro Tolotti foi um dos pioneiros dos restaurantes da Rota do Franco com Polenta, em São Bernardo. Ele parte aos 82 anos e está sepultado no Cemitério de Vila Euclides.

Francisco Teophilo de Sá Sarti
(Garça, SP, 19-11-1944 – São Bernardo, 18-1-2022)

Filho de Constante Sarti (que foi o administrador do loteamento Jardim do Mar) e de Gilda de Sá e Sarti, Teo Sarti parte aos 77 anos e está sepultado no Cemitério de Vila Euclides. Deixa a esposa Vani Armani Sarti e os filhos Luiz Gustavo, Francisco Junior e Juliana.

Colaborou: Cheid Junior


Santo André

Júlia Micchi Farias, 91. Natural de Santo André. Residia na Vila Pires, em Santo André. Dia 13. Cemitério da Saudade, Vila Assunção.

São Bernardo

Maria Polichtchuk, 102. Natural de Mallet (Paraná). Residia no bairro dos Casa, em São Bernardo. Dia 18. Cemitério da Paulicéia.

Satira Nakahada, 92. Natural de Getulina (São Paulo). Residia no bairro Baeta Neves, em São Bernardo. Dia 18. Cemitério de Vila Euclides.

São Caetano

Lurdes Gare Tiecrosanti, 99. Natural do Espírito Santo do Pinhal (São Paulo). Residia no bairro Olímpico, em São Caetano. Dia 18, em São Bernardo. Memorial Phoenix.

José Garcia Ortega, 94. Natural de Serra Azul (São Paulo). Residia no Jardim Santa Emília, em São Paulo, Capital. Dia 17, em São Bernardo. Cemitério das Lágrimas.

Diadema

Júlia dos Santos, 85. Natural do Estado da Bahia. Residia no Centro de Diadema. Dia 14. Cemitério Municipal de Diadema.

Mauá

Nelson Teixeira Reis, 79. Natural de Bebedouro (São Paulo). Residia na Vila Junqueira, em Santo André. Dia 15, em Santo André. Vale dos Pinheirais.

Ribeirão Pires

Carmosina Pereira Adelino, 87. Natural do Estado de Pernambuco. Residia no Jardim Guanabara, em Ribeirão Pires. Dia 17. Cemitério São José.
 




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