Família de São Bernardo ficou retida dentro da embarcação por causa de um surto da doença
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“O que era para ser um passeio relaxante virou um pesadelo”, desabafa a são-bernardense Lisney Daniele, 35 anos, sobre os momentos de tensão que viveu no cruzeiro da MSC Splendida, por conta do surto de Covid-19 a bordo do navio, onde foram detectados 78 casos da doença, sendo 51 em tripulantes e 27 em passageiros.
A embarcação ficou atracada no Porto de Santos desde a última quinta-feira, após determinação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para investigação epidemiológica, e o desembarque de passageiros ocorreu entre anteontem e ontem.
A viagem de sete dias, que tinha como cronograma a passagem por Porto Belo, Balneário Camboriú, Rio de Janeiro, Ilhabela e Santos, precisou ser interrompida logo no início, após a identificação de casos de coronavírus a bordo. O navio faria uma escala no Rio de Janeiro, na sexta-feira, porém retornou ao Porto de Santos um dia antes.
Acompanhada da família, Lisney relata que o passeio foi “um verdadeiro caos” por causa da falta de informações e o pavor que se instalou entre as mais de 4.000 pessoas que estavam no cruzeiro. “As informações chegavam apenas por alto-falante. Ficamos dois dias presos no navio, com a tripulação estressada por conta do alto volume de trabalho e os passageiros apreensivos sem saber o que estava acontecendo”, disse. Segundo ela, durante esse período todas as atrações do navio estavam fechadas e os protocolos sanitários não eram cumpridos.
A situação também afetou o filho de Lisney, Rafael, 7, que é portador do transtorno de espectro de autismo. O menino não conseguiu ser atendido no hospital do navio e teve diversas crises devido à aglomeração de passageiros. “Meu filho não é verbal, e hoje (ontem), quando chegamos em casa (a família desembarcou ontem), ele abriu um sorriso largo, com semblante de alívio”, conta a moradora da região.
Mesmo com a aflição enfrentada, a decisão do órgão sanitário foi aprovada por Lisney. “Já perdi amigos e familiares para a Covid, não podemos arriscar. No navio eram 4.000 vidas que estavam em risco”, contou.
Toda família presente na viagem (marido, filho, irmão e cunhada) testou negativo para Covid – o exame foi realizado ontem, em São Bernardo.
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