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Pequim recebe você
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
07/08/2008 | 07:12
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AFP


Futuro e passado em um mesmo lugar. Apesar de todo o processo de modernização experimentado pela China nos últimos anos, o país não renega suas raízes milenares. As praças que dão lugar a apresentações de calouros cantando velhos sucessos ocidentais em mandarim são as mesmas que abrigam templos sagrados, marcos da forte cultura religiosa chinesa. E nos belos rios do país, os tradicionais pescadores, em seus estreitos barquinhos, mantêm uma tradição milenar.

Pequim, em especial, reúne obras arquitetônicas capazes de contar a história de cada dinastia, desde 2.000 a.C.. E assunto, com certeza, não falta para isso. Afinal, a cidade já testemunhou guerras, terremotos e até foi incendiada. Durante a truculenta Revolução Cultural, na década de 1960, serviu de palco para a decapitação de budas em praça pública e para a queima de relíquias que, de uma hora para outra, perderam o status de sagradas para passar a integrar a lista das coisas proibidas pelo comunismo.

De quebra, ainda abriga a Praça da Paz Celestial, que entrou para a história em 1989 após o massacre de milhares de jovens estudantes que batalhavam pela democratização do país. Até hoje não se sabe ao certo o número de mortos: estima-se que varie entre 1.000 e 7.000 pessoas. Mas hoje a praça é um lugar bastante tranqüilo, onde idosos praticam tai chi chuan ao pôr-do-sol.

Bem em frente ficam os portões de outro grande ponto turístico do país: a Cidade Proibida. Reza a lenda que cerca de 1 milhão de empregados teriam participado da construção deste gigantesco complexo de palácios, que abrigaram as famílias Ming e Qing entre 1420 e 1911, período em que as duas dinastias impuseram um duro regime ao povo chinês.

Na época, quem ousava ultrapassar seus muros era torturado e morto. Hoje, a Cidade Proibida é a atração chinesa mais visitada de Pequim, com cerca de 7 milhões de ingressos vendidos ao ano, e já serviu até de cenário para os sets de filmagem do filme O Último Imperador, do diretor Bernardo Bertolucci. O longa-metragem conta a história do último monarca da China, que subiu ao trono com 2 anos, em 1908, foi derrubado pela Revolução Republicana de 1911 e morou por lá até 1924.

O complexo de palácios guardados por leões dourados, no entanto, só seria aberto para visitação em 1949, com a ascensão de Mao Tsé-Tung. O gigantesco retrato dele - equivalente a três andares! - permanece ali, na entrada, como que a vigiar a multidão de turistas que circula pela praça, todos sempre ávidos por tirar uma foto diante da imagem do líder comunista. Afinal, tudo o que soa proibido dá mais vontade de fazer.




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