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Indústria nacional cresce 10,5% em 2010
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
03/02/2011 | 07:30
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A produção industrial bateu recorde de crescimento em 2010. Indicador do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado ontem, revela que o segmento subiu 10,5% no acumulado anual, em relação ao mesmo período de 2009. Foi o melhor desempenho desde 1986.

Os resultados do último trimestre também foram positivos no comparativo com o mesmo período do ano anterior, ao subir 3,3%.

O cenário otimista é reflexo, principalmente, da ampla oferta de crédito disponível para o segmento durante o ano. Isso ocorreu em consequência das medidas da União a fim de contornar os problemas da crise econômica mundial, deflagrada em 2008 e que se estendeu por todo o ano de 2009. Assim, houve recuperação nos investimentos.

A tese é defendida pelo gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo, para explicar a alta de dois dígitos na produção da indústria. "O setor recuou 7,4% em 2009. A oferta de crédito estável e a massa salarial em elevação corroboraram para que o resultado do ano fosse positivo", afirma.

No Grande ABC, o crescimento na indústria se desempenhou no mesmo patamar do resultado nacional. É o que estima o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, Shotoku Yamamoto.

A movimentação do mercado interno, resultante das medidas do governo para conter a crise, foi importante, segundo o representante. No entanto, ele alerta quanto à expressividade do indicador. "A alta de 2010 foi positiva, mas não tão maravilhosa assim, porque em 2009 teve boa queda na produção industrial. O PIB (Produto Interno Bruto) foi quase zero naquele ano, também para a indústria", ressalta.

O acumulado para a região foi puxado pela alta de toda a cadeia de produção no setor automobilístico, tradicional por aqui. Segundo o diretor do Ciesp de Santo André, Willian Pesinato, o aumento do poder de compra entre os consumidores obrigou a indústria a se mexer, e, com isso, elevar a produção. Tanto que setores que no geral não são expressivos no início de ano, como o de calçados ou mesmo o de alimentação, tiveram destaque.

"Até o (setor) de máquinas, que não vem de desempenho compatível com toda a economia, por conta das importações de máquinas chinesas, teve melhora no ano passado", avalia Pesinato, ao salientar que, ainda assim, a produção maquinária está aquém da estimativa do mercado.

TENDÊNCIA DE QUEDA - Os resultados do ano só não foram melhores por conta da projeção de queda no indicador do IBGE, agravado com o recuo de 0,7% em dezembro. Impediu assim crescimento de 11,2%, resultado que vinha se mantendo. Isso ocorreu em razão de aumento nos juros e no volume de importados, fazendo concorrência a produtos nacionais.

"Alguns seguimentos, como o de material eletrônico e de aparelhos de comunicação, tiveram perda importante, com menor ocorrência também no mercado interno devido às importações", explica Macedo, justificando queda de 13,3% nessa área específica, de novembro para dezembro.

O gerente enumerou ainda maior incidência de férias coletivas no mês, em relação ao mesmo período de 2009, para contrapor o "dezembro menos intenso" que os demais meses.

A trajetória de baixas foi observada desde o segundo trimestre de 2010. Nos primeiros três meses do ano, o nicho ainda sentia benefícios das medidas do governo para estimular a indústria, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Expectativa é de expansão menor para o segmento neste ano

A estimativa de números para o crescimento da produção industrial em 2011 é incerta. O que se sabe, no entanto, é que, apesar de panorama positivo, a alta será menos expressiva do que o desempenhado em 2010, melhor resultado em 24 anos.

O mercado prevê que o balanço do setor irá depender em parte das políticas econômicas que serão adotadas pelo governo federal. O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, Shotoku Yamamoto, diz que algumas medidas tomadas pelo BC (Banco Central) desde o ano passado para reduzir o crédito no País já prejudicam a indústria, como aumento no custo de financiamentos de bens duráveis.

A MB Associados projeta alta de 6% no setor, mas antecipa que na margem a expansão da indústria neste ano será pequena. Segundo o economista-chefe da entidade, Sérgio Vale, alguma reposição de estoques deverá ser feita e isso poderá dar algum fôlego para o segmento do País. VG (com AE)




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