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Cinco mil se despedem de Jorge Amado em Salvador
Do Diário OnLine
07/08/2001 | 18:30
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Familiares e amigos do escritor Jorge Amado realizaram uma cerimônia de despedida no cemitério Jardim da Saudade, em Salvador, na tarde desta terça-feira. Segundo a Polícia Militar, cerca de cinco mil pessoas compareceram ao velório, que aconteceu das 8h30 às 15h30 desta terça-feira, no Palácio da Aclamação. O corpo deixou o velório e seguiu ao cemitério, onde ele deve ser cremado nesta quarta-feira. Centenas de pessoas acompanharam o cortejo do corpo do baiano, transportado em um carro do Corpo de Bombeiros.

Amado morreu na capital baiana por volta das 19h30 desta segunda, vítima de uma parada cardiorrespiratória. O presidente Fernando Henrique Cardoso decretou luto oficial de três dias, assim como o governo estadual da Bahia, em homenagem ao escritor.

Apenas familiares, amigos e conhecidos de Jorge Amado participaram da cerimônia de despedida. O ex-senador Antônio Carlos Magalhães, o senador e escritor José Sarney e o ministro da Cultura, Francisco Weffort, representando o presidente Fernando Henrique Cardoso estavam entre os presentes.

O corpo do escritor será cremado, como desejava. A cremação, que não deve ser demorada, acontece somente nesta quarta-feira. O corpo deve permanecer em uma câmara frigorífica, sob temperatura de –2 ºC e, após 24 horas, será cremado. As cinzas serão jogadas sobre uma mangueira no jardim da casa onde morava, no bairro Rio Vermelho, em Salvador.

Artistas, políticos e autores brasileiros e de outras nacionalidades prestaram suas últimas homenagens ao escritor e populares formaram uma grande fila no saguão do palácio. Quando o corpo chegou ao cemitério, populares aplaudiram o escritor.

Durante a madrugada, apenas amigos mais próximos e familiares tiveram acesso ao velório. O ex-senador Antonio Carlos Magalhães, o senador Paulo Souto, o secretário de Cultura da Bahia, Paulo Galdenzi, o governador César Borges, e o prefeito de Salvador, Antonio Imbassay, foram as primeiras personalidades a chegar ao Palácio da Aclamação, além da viúva, Zélia Gattai, e os filhos, João Jorge e Paloma.

Nesta terça, estiveram presentes a cantora Daniela Mercury e a mãe do cantor Caetano Veloso, dona Canô. "Jorge era um grande homem, não pelo tamanho, mas por tudo que era. Meu coração dói não só por ele, mas por Zélia e Dona Paloma", afirmou Dona Canô.

O senador e escritor José Sarney, amigo de Jorge Amado, também esteve presente no velório para se despedir do baiano. A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, sua filha, o acompanhou.

O presidente Fernando Henrique Cardoso lamentou a ausência na despedida do escritor e enviou o ministro da Cultura, Francisco Weffort, para representá-lo.

A morte — Jorge Amado começou a passar mal no final da tarde de segunda, em casa. A família do escritor telefonou para seu médico particular, o cardiologista Jadelson Andrade, que pediu que o baiano fosse levado rapidamente para o hospital. Assim que chegou, no entanto, Amado teve uma parada cardiorrespiratória. Os médicos ainda tentaram reanimá-lo, mas não conseguiram. "Ele não respondeu às manobras de reanimação", afirmou Andrade. De acordo com boletim médico assinado pelo cardiologista, Jorge Amado apresentava um quadro de insuficiência circulatória ao dar entrada no hospital.

A doença — Em junho, o escritor passou quase um mês internado devido a uma crise de hiperglicemia (aumento da taxa de açúcar no sangue) e permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) durante uma semana. No dia 4 de julho, quando deveria deixar a Unidade de Terapia Semi-Intensiva, para a qual havia sido transferido, ele piorou e voltou a respirar com a ajuda de aparelhos. Amado recebeu alta no dia 16 de julho.

O médico Jadelson Andrade disse que ele deveria continuar em processo de recuperação em casa, se submetendo a tratamento de fisioterapia motora e respiratória. Segundo ele, a vontade do baiano em voltar ao lar era tão grande que acabou influenciando na decisão da equipe médica, que entendeu que o carinho da família poderia ajudar na reabilitação.

Nos últimos anos, o escritor vinha apresentando diversos problemas de saúde, agravados pela obesidade e fumo. No entanto, o que mais preocupava sua família eram as crises de depressão que sofria porque um problema nos olhos o impedia de ler e escrever.




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