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Grande ABC aplicou 46 doses vencidas da Astrazeneca

Pessoas terão que procurar unidades de saúde para orientação e acompanhamento

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
02/07/2021 | 13:53
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Banco de dados/André Henriques


Atualizada às 18h53

Dados oficiais do Ministério da Saúde mostram que as cidades do Grande ABC aplicaram 46 doses vencidas da vacina contra a Covid-19 da Astrazeneca. A situação afetou ao menos 26 mil pessoas em todo do País, de acordo com levantamento divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo. Na região, a cidade com maior número de casos é São Bernardo. Foram cinco doses aplicadas na UBS (Unidade Básica da Saúde) Vila Marchi, quatro na UBS Alves Dias, três na UBS Vila Euclides e uma dose no Hospital Infor, uma no hospital São Bernardo e uma na UBS Montanhão.

Mauá registra 14 casos, sendo que cinco doses foram aplicadas na UBS Zaíra I, cinco na UBS Primavera, duas na UBS Capuava, uma na UBS Jardim Itapark e outra na UBS Jardim Santista. Santo André teve 11 doses vencidas aplicadas, todas na UBS Espírito Santo. Em Diadema, foram três casos: nas UBSs Centro, Nova Conquista e Maria Thereza. São Caetano registrou dois casos, ambos registrados como aplicações no Atende Fácil. Em Ribeirão Pires foi uma dose, que segundo o apontamento, foi aplicada na UBS Ribeirão Pires.

A orientação é para que as pessoas confiram os seus cartões de vacinação para verificar se o lote com unidades vencidas foi o recebido e se ele foi aplicado após a data de vencimento. Em caso positivo, é preciso procurar uma unidade de saúde para orientação e acompanhamento. Os lotes com unidades vencidas são os seguintes: 4120Z001, com vencimento em 29 de março; 4120Z004, com vencimento em 13 de abril; 4120Z005, com vencimento em 14 de abril; CTMAV505, com vencimento em 31 de maio; CTMAV506, com vencimento em 31 de maio; CTMAV520, com vencimento em 31 de maio; e 4120Z025, com vencimento em 4 de junho.

O Ministério da Saúde informou que nenhuma vacina foi recebida vencida e que cabe aos Estados e municípios confirmar a data de validade antes da aplicação. Segundo nota enviada pela pasta, a orientação do PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19), caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, é a de que essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses. O vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local. 

PREFEITURAS
A Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Saúde, informou que a cidade não aplicou nenhuma vacina vencida. Segundo nota enviada ao Diário, o município recebeu apenas vacinas do lote 4120Z005 da AstraZeneca com vencimento em 14 de abril e todas as doses deste lote foram aplicadas em tempo oportuno, ou seja, dentro do prazo de validade. A Prefeitura de São Bernardo também informou que nenhuma vacina fora da data de vencimento foi aplicada na cidade. A Rede D'Or, responsável pelo Hospital Ifor, também negou que alguma vacina tenha sido aplicada vencida.

A Prefeitura de São Caetano afirmou, em nota, que não aplicou nenhuma dose de vacina fora do prazo de validade. Segundo o comunicado, a cidade recebeu apenas um dos lotes em questão: 4120Z005, no dia 26 de janeiro. Foi o primeiro lote de Covishield (Astrazeneca) que o municípiorecebeu, com 3.700 doses e vencimento no dia 14 de abril. "Foram utilizados para vacinar profissionais da Saúde e parte do primeiro público alvo de idosos, entre janeiro e fevereiro", detalhou o comunicado.

Diadema informou que não há na cidade doses armazenadas fora da data de validade. Sobre as três doses aplicadas em unidades da cidade e que aparecem no sistema de consulta, trata-se de erro de digitação e, já foi providenciada a correção no sistema. "As doses recebidas no município foram todas aplicadas dentro do prazo de validade", concluiu a nota.

A Prefeitura de Ribeirão Pires afirmou, em nota, que não aplicou nenhuma vacina vencida em munícipes da cidade. "Recebemos no dia 26/01/2021 o lote 4120Z005 da vacina Astrazeneca com vencimento em 14/04/2021 e destinamos ao público dos profissionais da Saúde durante o mês de fevereiro. Ou seja: Nenhum cidadão ribeirãopirense recebeu a imunização com o lote vencido", afirmou. Referente aos demais lotes, a Prefeitura declara que não houve fornecimento ao município. “Ribeirão Pires é exemplo na imunização. A população pode ficar tranquila, que todas doses recebidas são destinadas  à imediatamente à população, por isso, não aplicamos nenhuma dose vencida”, disse o secretário municipal de Saúde Audrei Rocha.

A Prefeitura de Mauá informou que dos lotes considerados suspeitos, o município recebeu apenas o 4120Z005, em 26 de janeiro. Que essas vacinas tinham prazo de validade até 14 de abril e que todas as doses foram aplicadas até 5 de março, portanto, um mês e nove dias antes do vencimento. "A Prefeitura de Mauá esclarece que o engano deve ter ocorrido em razão de problemas no lançamento de dados no sistema do VaciVida, do governo estadua", informou o comunicado. "As datas de registro da vacinação de apenas 15 moradores (os que teriam sido imunizados com doses vencidas) ocorreu posteriormente à aplicação das doses, quando as vacinas já teriam passado do prazo de validade. A Secretaria Municipal de Saúde está levantando as informações para identificar o o ocorrido no lançamento das vacinas no sistema estadual."

Estado
A Secretaria de Estado da Saúde informou que todos os lotes foram distribuídos dentro do prazo de validade. A pasta orienta os municípios sobre a aplicação da vacinação contra a Covid-19 e a importância da verificação da data de validade antes do uso do frasco de uma vacina, inclusive com documentos técnicos com todas as condutas necessárias.

Por meio da plataforma VaciVida, sistema online que permite o monitoramento dos vacinados, a Secretaria de Estado identificou 4.772 registros em 315 municípios que sugerem aplicações dos imunizantes da AstraZeneca após o vencimento. A pasta está informando as prefeituras, que são as responsáveis pela aplicação das vacinas, para realizar busca ativa desta população. Cada prefeitura pode consultar os dados da sua cidade no VaciVida e identificar o munícipe que eventualmente tenha recebido uma vacina vencida. Caso seja uma situação de erro de digitação do lote ou de data de aplicação, os municípios também podem realizar a correção na plataforma.

Se constatada a aplicação de uma vacina fora da validade, o caso deve ser avaliado individualmente para definição da conduta apropriada definida pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações). Quem tiver dúvida com relação a validade do imunizante da Astrazeneca que recebeu deve procurar a unidade de saúde em que foi vacinada. Além disso, se o cidadão identificar uma data ou lote divergente da carteirinha em papel em relação ao digital, deve procurar o serviço municipal para emissão de um novo documento impresso. 

Fiocruz
A Fiocruz, instituição que produz no Brasil a vacina Astrazeneca, emitiu uma nota informando que os lotes que teriam doses que foram aplicadas fora do prazo de validade não foram produzidas em seus laboratórios. De acordo com o comunicado, parte dos lotes (com numeração inicial 4120Z) é referente aos quantitativos importados prontos do Instituto Serum, da Índia, chamada de Covishield, e entregues pela Fiocruz ao PNI (Programa Nacional de Imunizações ) do Ministério da Saúde em janeiro e fevereiro deste ano. Ainda segundo a nota, os demais lotes apontados foram fornecidos pela Opas/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde). 

De acordo com o comunicado, todas as doses das vacinas importadas da Índia (Covishield) foram entregues pela Fiocruz em janeiro e fevereiro dentro do prazo de validade e em concordância com o Ministério da Saúde, de modo a viabilizar a antecipação da implementação do PNO, diante da situação de pandemia. "A Fiocruz está apoiando o PNI na busca de informações junto ao fabricante, na Índia, para subsidiar as orientações a serem dadas pelo Programa àqueles que tiverem tomado a vacina vencida", concluiu a nota.
 




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