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Restrição ao comércio não
surte efeito no isolamento

Dados do governo do Estado mostram que taxas do período de maior restrição são semelhantes às registradas atualmente

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
20/05/2021 | 00:01
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Denis Maciel/ DGABC


As recentes restrições impostas ao comércio em razão dos indicadores elevados da pandemia surtiram pouco efeito nas taxas de isolamento das sete cidades do Grande ABC. Na comparação do último fim de semana com regras mais duras do Plano São Paulo, entre os dias 10 e 13 de abril, quando apenas os serviços essenciais estavam funcionando, com o último fim de semana, com autorização de retomada de quase todos os setores da economia, a diferença é muito pequena.

De acordo com dados coletados pelo governo do Estado, com base no sinal dos celulares, a diferença entre os dois período foi de, no máximo, 3,7 pontos percentuais, registrados terça-feira, na comparação com a terça-feira (13 de abril). Isso significa 105 mil pessoas a mais circulando nas sete cidades. Na última segunda-feira, foi apurada a menor diferença, com 1 ponto percentual, em relação ao dia 12 de abril (também segunda-feira), ou 27 mil pessoas a mais nas ruas.

Mesmo com a diferença pequena, especialistas acreditam que as restrições ao comércio sejam necessárias como tentativa de aumentar o confinamento, essencial para controlar a pandemia. “A taxa de isolamento ideal, segundo especialistas da área, situa-se entre 60% e 70%. O governo paulista fixou como satisfatório 60%. No início da pandemia, em março de 2020, a taxa de isolamento chegou a 59%. De lá para cá, em poucos dos 645 municípios do Estado, e somente em alguns momentos, a taxa chegou a 50%. Portanto, o Estado (e o País como um todo) não executou política de isolamento contínua e rígida condizente com a gravidade da crise sanitária”, comentou o professor Jefferson José da Conceição, coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

De acordo com o docente, a instabilidade gerada pelo abre e fecha do comércio é prejudicial em todos os sentidos, especialmente para a economia. “As taxas de crescimento após as medidas de flexibilização tendem a subir um pouco, mas sempre em meio a incerteza e descoordenação. Consequentemente, é baixo o crescimento do consumo das famílias e do investimento privado. Assim, a economia tende a oscilar em taxas de crescimento entre 1% e 2%. E gera ciclos muito curtos de expansão porque o aumento do contágio do vírus, fruto da flexibilização, obriga a novas restrições e medidas de isolamento”, avalio.

A discussão entre abrir ou fechar o comércio entrou no centro do debate político desde o início da pandemia no Brasil e, de acordo com o médico sanitarista Marcio Aurélio Soares, especialista em saúde pública, essa é uma das razões para o insucesso no controle da pandemia no Brasil. “É uma situação extremamente difícil, sem solução mágica, porque temos conflito político e ideológico que não permite que nós enfrentemos isso com seriedade. Existe politização das condutas médicas, técnicas e coletivas em razão de campanha política. É muito difícil, mas o isolamento e a vacina são fundamentais para sairmos dessa crise”, destacou. 




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