A Síntese de Indicadores Sociais 2002 revela uma melhora generalizada dos indicadores, com destaque para as áreas de saúde, educação e condição de domicílios, mas a desigualdade ainda é muito grande. Segundo o IBGE, metade dos trabalhadores brasileiros ganha até dois salários mínimos e mais da metade deles não contribuem para a Previdência.
O IBGE verificou redução da desigualdade de renda em todas as regiões entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres, com exceção da Sudeste. A região Nordeste ficou com a menor taxa de contribuição previdenciária. Em 37% dos domicílios nordestinos, a renda per capita é de até meio salário-mínimo, contra 12% no Sudeste e no Sul. Entre os mais pobres, 30% estão empregados sem carteira, contra um índice de 8% entre os mais ricos.
A desigualdade salarial acaba acarretando outras grande diferenças. De acordo com o levantamento, 80% dos domicílios dos mais ricos têm saneamento adequado, contra um terço dos 40% mais pobres. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, apenas metade dos domicílios urbanos possui acesso a rede geral de esgoto ou a fossa séptica. Em todo o país, 62,2% possuem saneamento adequado. No Sudeste, quase 85% vivem em condições adequadas.
Pretos e pardos — Em 2001, o rendimento médio da população ocupada preta e parda ficou em torno de 50% do rendimento dos brancos. Enquanto os primeiros ganhavam em média 2,2 salários mínimos mensais, a média para os brancos era de 4,5 mínimos. O aumento do nível educacional não foi suficiente para superar as desigualdades sociais, pois, segundo o IBGE, as maiores diferenças foram verificadas entre os ocupados com 12 anos ou mais de estudo. A diferença foi verificada em todo o país, com destaque para Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. A região metropolitana de Porto Alegre foi a que apresentou a menor diferença.
Mulheres — A desigualdade por gênero também é bastante expressiva. Mesmo que ambos tenham a mesma média de anos de estudo, os homens ganham mais que as mulheres em todas as regiões. As mulheres com grau de escolaridade igual ou inferior a três anos de estudo ganham 61,5% menos que os homens com o mesmo grau de escolaridade, enquanto as mulheres com 11 anos ou mais de estudo ganham 57,1% menos do que os homens desta faixa.
Segundo o IBGE, 71,3% das mulheres que trabalham ganham até dois salários mínimos, contra 55,1% dos homens. A desigualdade salarial aumenta conforme a remuneração. A proporção de homens que ganham mais de cinco salários mínimos é de 15,5% e das mulheres, 9,2%. Além disso, a proporção de mulheres dedicadas aos trabalhos domésticos (19,2%) e que não recebem remuneração (10,5%) é bem maior do que a dos homens (0,8% e 5,9%, respectivamente).
Trabalho infantil — O levantamento ainda mostra uma redução do trabalho infantil, que caiu de 19,6% das pessoas de 5 a 17 anos de idade para 12,7% em 2001. A responsabilidade dos menores, no entanto, continua grande, já que 75% desses jovens trabalhadores são responsáveis por até 30% do orçamento de suas famílias.
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