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Recesso pode aliviar situação de Jader
Das Agências
17/06/2001 | 20:03
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A duas semanas do início do recesso do Congresso Nacional, as investigações das denúncias envolvendo o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA) devem andar a passo lento. A expectativa é que as apurações do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar não evoluam esta semana, com a saída do senador Ramez Tebet (PMDB-MS) da presidência do Conselho para comandar o Ministério da Integração Nacional. A morosidade das apurações deverá dar uma sobrevida a Jader.

Tebet, que toma posse na quarta-feira, já avisou que dificilmente se pronunciará, antes de deixar o Conselho, sobre o pedido da oposição para rastrear o cheque que comprovaria o envolvimento de Jader com a operação de compra e venda de Títulos da Dívida Agrária emitidos de forma fraudulenta. “Ainda não vi esse requerimento e o tempo é muito curto para analisar qualquer coisa”, afirmou ontem o futuro ministro.

Na opinião do pemedebista, o Conselho de Ética não tem poderes para pedir a quebra de sigilo bancário. Segundo ele, o plenário do Senado deve analisar a solicitação. O senador lembra que o suposto envolvimento de Jader com a compra e venda irregular de TDAs é da época em que o presidente do Senado era ministro e não tinha, portanto, mandato do Congresso. “E como um Conselho de Ética e Decoro Parlamentar vai analisar uma denúncia de quando ele sequer era do Senado?”, questionou Tebet.

Desconfiança – Nem mesmo a oposição confia no andamento célere das investigações de Jader. A senadora Heloísa Helena (PT-SE), um dos 15 integrantes do Conselho, reconheceu domingo que dificilmente o pedido para rastrear o cheque que comprovaria o envolvimento do presidente do Senado com irregularidades nos TDAs será analisado pelo Conselho de Ética ou pelo plenário do Senado antes do recesso parlamentar. “Mas a oposição vai fazer todo o esforço para que o pedido seja votado”, afirmou.

Segundo ela, a oposição vai empenhar-se também em obter as assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) enxuta, destinada a investigar o presidente do Senado, sistema financeiro e as denúncias de tráfico de influência contra o ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira. “Vamos trabalhar pela CPI”, afirmou Heloísa Helena. “Tenho que acreditar que o Congresso vai cumprir suas obrigações”, disse ainda petista.

PMDB – Já o PMDB está vendo com bons olhos o fôlego que Jader ganhará com a morosidade das investigações do Congresso. Na avaliação dos pemedebistas, a pressão sobre o presidente do Senado deverá ser menor nesta semana, pois não apareceram novas denúncias contra Jader. “A tendência é de que o quadro fique mais calmo esta semana”, observou um integrante da cúpula do partido. Mas os pemedebistas estão certos de que hoje Jader não tem mais como se desvincular da imagem de um presidente desgastado, estigmatizado e fraco. “O problema do Jáder é o acúmulo de coisas que ele tem para explicar”, apontou um peemedebista interlocutor do presidente Fernando Henrique Cardoso.

O partido está disposto a permanecer ao lado de Jader, desde que não surjam provas contundentes de seu envolvimento com corrupção. “Ninguém rema contra a correnteza, mas precisamos ter cuidado com esse clima de denuncismo que está ocorrendo de uma maneira geral”, disse o senador Ramez Tebet.




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