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Sabatinado por universitários, Blair defende a guerra do Iraque
Da AFP
22/07/2003 | 11:06
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A morte do especialista do governo britânico em armamentos David Kelly alcançou nesta terça-feira o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, em Pequim, durante uma entrevista com estudantes chineses que questionaram a participação britânica na guerra do Iraque.

"Alguns meios de comunicação britânicos disseram que sua decisão de ir à guerra contra o Iraque era um erro diplomático. É este o momento mais difícil de sua carreira política? Você se arrepende da guerra?", perguntou Lu Yanan, 21 anos, uma estudante de jornalismo da Universidade Qinghua, que formou muitos dos dirigentes chineses atuais.

"Independentemente das dificuldades, era o que tinha que ser feito. Tomei esta decisão porque pensei que era a correta para meu país e para mundo, e continuo acreditando que era e por isso devo defender minha decisão", explicou o primeiro-ministro britânico no dia seguinte de sua reunião com o dirigente chinês Wen Jiabao, o presidente Hu Jintao e o chefe das Forças Armadas Jiang Zemin.

"Diante da tragédia do doutor Kelly, como você pensa em superar a crise e recuperar a confiança do povo?", perguntou depois Ling Nan, uma estudante de Ciências de 20 anos. "É um momento extremamente triste para a família do médico Kelly e seu enterro ainda não pôde ser realizado, o que significa que será feita uma verdadeira investigação independente sobre o que aconteceu", respondeu Blair.

O índice de popularidade de Blair na Grã-Bretanha caiu bruscamente depois da morte de Kelly, a principal fonte de informação da BBC em uma matéria que denunciou as fraudes num relatório dos serviços secretos sobre a ameaça militar iraquiana, para justificar uma guerra contra o regime de Saddam Hussein.

Depois da entrevista, que durou mais de 1h, os quase 90 estudantes (que falam inglês) do famoso centro declararam que não estavam satisfeitos com as respostas do primeiro-ministro britânico, mas acrescentaram que ficaram impressionados com sua eloqüência e convicção.

"Não acredito que tenha me respondido direta e claramente", declarou Lul. "Teria de ter dito porque assumiu a responsabilidade pela guerra no Iraque e porque tanta gente morreu."

O governo chinês se opôs à guerra lançada pelos Estados Unidos e a Grã-Bretanha, assim como a maior parte da opinião pública do país.

Os estudantes não abordaram o tema do programa nuclear norte-coreano com Blair, que depois das reuniões de segunda-feira declarou que em breve deveria acontecer uma nova série de negociações sobre a questão.

"Só houve reuniões entre China, Estados Unidos e Coréia do Norte. Há um desejo de realizar outros encontros e acredito que vão acontecer novas conversações em algumas semanas", declarou.

"A maior mudança em relação à Coréia do Norte é que agora há uma pressão regional por parte da China, Japão e Coréia do Sul - e a pressão da China é especialmente importante - para fazer o regime norte-coreano entender que deve mudar de posição sobre o programa de armamentos nucleares", explicou Blair.




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