O Ministério Público irá requisitar depoimento dos guardas-civis municipais Costa e Vilmar para apurar novos fatos referentes ao roubo misterioso do dia 13 de junho ao condutor de um Audi que estava no estacionamento do prédio da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos de Santo André.

Os guardass trabalhavam próximo ao local no momento do assalto - teria sido levada uma mala com R$ 70 mil. Por serem funcionários públicos, os GCMs não podem ser intimados e sim convidados.

Segundo informações de bastidores, Vilmar fez registro de ocorrência de nº 3604/11, sob código 34 para apontar identificação de roubo. O guarda, há mais de dez anos na corporação, foi transferido do posto de serviço e agora atua na central de monitoramento, ligado ao Departamento de Trânsito. A equipe do Diário tentou entrevista com ambos e obter acesso ao documento de notificação, porém foi avisada que só conseguiria mediante autorização da assessoria de imprensa do Executivo, o que demonstra blindagem aos envolvidos.

A equipe dirigiu-se à central de monitoramento para conversar com o Vilmar, mas foi advertida de que era preciso requerimento na sede da GCM. Ao executar tal procedimento, o comandante em exercício da corporação, Gilmar Scaramel, argumentou que o caminho era apenas mediante deliberação da Secretaria de Comunicação da Prefeitura ou da Pasta de Segurança Pública e Trânsito.

Mesmo diante de insistência, o GCM Costa se negou a comentar o assunto, afirmando que era subordinado à Prefeitura e que só falaria com notificação da Secretaria de Segurança, comandada por Adilson de Lima.

A Prefeitura informou que o regimento disciplinar impede os guardas de concederem entrevista. Além disso, justificou que a transferência do local de trabalho do guarda escalado no prédio onde funciona a Secretaria de Obras se deu em virtude de remanejamento do efetivo da GCM. Portanto, segundo o governo, não há qualquer relação com o ocorrido naquele prédio.

Funcionário do estacionamento terceirizado que funciona na Sosp, que não quis se identificar, afirmou que o motorista do automóvel, pertencente à construtora e incorporadora São José, procurava pelo titular da Pasta de Obras, Alberto Casalinho. O secretário garantiu, na ocasião, que seu departamento está alheio ao roubo devido à área não fazer parte de sua propriedade. "Não sei quem era o condutor, se houve boletim de ocorrência nem se ele viria à Sosp."

Outra notificação do Ministério Público à administradora do estacionamento será para analisar todos os carros que la entraram no dia 22 de junho. A Promotoria requisitou o depoimento dos guardas depois de receber requerimento de ofício aprovado quinta-feira na Câmara, protocolado pelo vereador Tiago Nogueira (PT), explicando que eles poderiam contribuir para elucidar o crime. "O Legislativo não pode deixar este episódio grave passar em branco. O Casalinho teve conhecimento na mesma hora do assalto e, informado do episódio, desceu ao estacionamento e dirigiu-se à recepção e ao posto da Guarda. Isso é estranho."

Para o vereador Paulinho Serra (PSDB), o envolvimento da empresa São José - que possui o empreendimento comercial Jardim Park House - com o poder público faz com que o assalto saia do plano comum. O tucano sugere que a apuração do caso fica comprometida com a manutenção de Casalinho no cargo de chefia. "Se eu fosse o prefeito, o afastaria até o término das investigações. Um secretário não pode ficar sob suspeita dessa magnitude."