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Brasil e México mantêm rivalidade sobre liderança 'latina'
Da AFP
04/08/2007 | 16:27
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Brasil e México disputam discretamente a liderança regional, e a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao México ocorre no momento em que seu colega mexicano, Felipe Calderón, renova sua política para a América Latina. "Sempre houve rivalidade entre México e Brasil. Manifestou-se, por exemplo, no desejo brasileiro de ter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que o México não vê com bons olhos, porque se algum país (latino-americano) pode ter isso, esse país é o México", disse o analista político Sergio Samiento.

Nos últimos anos, Brasil e México, as principais economias da América Latina enfrentam uma discreta disputa para representar a região diante do planeta. Jorge Castañeda, que foi chanceler mexicano de 2000 a 2003, considera que os mexicanos tentam principalmente "impedir" que o Brasil exerça tal liderança, ao invés de assumi-la.

O Brasil tem a vantagem de que suas leis lhe permitem uma maior presença no cenário internacional, com a participação em operações de manutenção da paz, enquanto o México é limitado a sua tradicional neutralidade política. "É mais uma rivalidade do que uma competição. São poucos os temas de divergência entre os dois", disse Castañeda.

Cada país tem sua própria área de ação: a América do Sul é a do Brasil e a América Central, além da particular relação bilateral com os Estados Unidos, é a do México. Sergio Sarmiento explica que "o Brasil sempre viu as tentativas do México de ter uma relação comercial mais próxima com a América do Sul como um problema ou uma ameaça".

Durante a visita de Lula ao México, uma eventual adesão mexicana ao Mercosul não faz parte da agenda.

"Há um obstáculo técnico que trava a entrada do México como membro pleno do bloco", afirmou no início da semana Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula para questões internacionais, ao se referir ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, em inglês), assinado por Estados Unidos, México e Canadá. "É isso que impede o México de ser parte decisória do Mercosul. Não se permite sua associação com Estados Unidos e Canadá", insistiu.

Brasil e México têm PIBs equivalentes, mas a economia brasileira é dinâmica e diversificada, enquanto a mexicana enfrenta uma redução de sua riqueza com petróleo e aposta agora no turismo e na produção industrial para exportação. "Brasil tem uma economia maior. Neste momento, a economia brasileira é mais forte, mas a renda per capita do México é maior", destacou Sarmiento.

O Brasil é a segunda potência demográfica do continente (186 milhões de habitantes). Já o México tem 106 milhões de habitantes e, ao norte, o maior mercado do mundo (Estados Unidos). Em entrevista ao jornal mexicano "Reforma", Ivan Oliveira, embaixador do Brasil no México, garantiu que não há qualquer rivalidade entre as duas potências latino-americanas, apenas "diferenças de opinião".




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