Os veículos que fazem o transporte escolar universitário entre os municípios do Grande ABC no período noturno estão sendo apreendidos pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos). O motivo é que os motoristas teriam permissão apenas para fazer o transporte dentro dos seus municípios. Segundo informações da Fenatresc (Federação Nacional dos Transportadores Escolares), nos últimos 15 dias, foram apreendidos nove veículos que faziam o transporte de estudantes para universidades de Santo André, sendo três deles vindos de Diadema, quatro de São Bernardo e dois de São Caetano. Um protesto contra a medida foi marcada para esta sexta pela categoria. Dos dois mil condutores escolares do Grande ABC, cerca de 150 transportam universitários à noite.

O presidente do Sindicato do Transporte Escolar de Diadema, Leonel Gaspar de Oliveira Lima, também diretor da Fenatresc, disse que esse tipo de transporte é realizado há vários anos e nunca houve problemas com a EMTU. Segundo ele, todos os condutores escolares de Diadema que tiveram veículos apreendidos estão legalizados no município. “O transporte de universitários é feito como o de crianças. Pegamos os estudantes na porta de casa e os deixamos na porta da faculdade. Depois fazemos o caminho de volta”, explicou.

“Para nós, estudantes, é muito mais seguro irmos e voltarmos da faculdade em vans. O motorista me pega no trabalho e me deixa na porta de casa”, disse a estudante Sueli Lima dos Santos Correa, que mora em Diadema e estuda na UniABC (Universidade do Grande ABC), em Santo André.

A universitária disse que outro motivo para escolher esse tipo de transporte é a rapidez. “De ônibus não conseguiria chegar a tempo para a primeira aula”, disse Sueli, que trabalha até as 18h30 em Diadema e tem de chegar na faculdade às 19h15h. “Mesmo assim, ainda chego de dez a 15 minutos atrasada. Com transporte normal, chego na faculdade às 20h45”, disse.

O condutor escolar Jorge Alfredo Guccione, conhecido como Kiko, de Diadema, contou que a maioria dos estudantes universitários que transporta é mulher. “Levo 11 estudantes e trago 13 para casa. Desses, apenas dois são homens. As mulheres têm mais medo de voltarem para casa sozinhas à noite, seja de carro ou de ônibus”, disse.

Desde a última terça-feira, os clientes de Kiko do período noturno não podem contar com seu serviço. Sua van foi apreendida e ele ainda não conseguiu liberar o veículo. Para não perder os clientes do dia, ele alugou uma van. “Não posso deixá-los na mão.”

O presidente do Sindicato dos Transportadores Escolares de Santo André, Donay da Silva Jacintho Neto, também diretor da Fenatresc, disse que os condutores que têm suas vans apreendidas estão tendo um grande prejuízo. “Como o veículo não é liberado em menos de dez dias, só de estadia no pátio o motorista tem de pagar quase R$ 1 mil, além da multa, que chega a quase R$ 400”, disse.

A categoria promete realizar uma carreata na manhã desta sexta, saindo de Diadema até a sede da EMTU, na avenida Piraporinha, em São Bernardo. Eles vão pedir a suspensão das apreensões e a regulamentação desse tipo de transporte na região. “Não estamos tirando o espaço de ninguém, porque não há linhas de ônibus que façam os percursos que os transportadores escolares fazem”, disse o presidente do sindicato de Diadema.