Na política, funções estratégicas exercidas por um longo período invariavelmente causam desgastes. A liderança de governo nas Câmaras é uma delas. Em São Caetano, o vereador Gilberto Costa (PP) desempenha o ofício há oito anos consecutivos – é o parlamentar há mais tempo no posto.

É unanimidade entre os governistas, mesmo sendo de um partido diferente do prefeito José Auricchio Júnior e da maior bancada da Casa entre os 11 vereadores: o PTB. Esse fato proporciona ainda mais créditos ao trabalho de Costa, que está no terceiro mandato.

O progressista foi eleito vereador pela primeira vez em 1996. Assumiu a liderança de governo em 2000, na segunda gestão do ex-prefeito Luiz Tortorello (que morreu em 2004). Ficou por quatro anos “defendendo os projetos da administração” e fazendo o intercâmbio das intenções do Palácio da Cerâmica para a Câmara.

Com a chegada de Auricchio à frente da administração, foi convidado a permanecer na função. As diferenças entre os dois administradores fizeram com que Gilberto Costa ganhasse conhecimento e experiência política. “Tortorello era mais político e duro em suas colocações. Auricchio é mais gestor, aberto ao diálogo. Tudo é lição”, discorre o parlamentar de 43 anos, natural de Sobradinho, cidade satélite de Brasília.

Apesar de ser considerado um bom articulador na liderança de governo, o vereador já passou por situações “complicadas” na argumentação em prol das propostas do Executivo. Uma das principais saias-justas foi votar contra um subsídio para uma instituição de ensino para alunos especiais. Por não ter apresentado o balanço das contas, a escola não poderia receber a verba. O agravante foi que sua sobrinha estudava no local e Costa teve de discursar adverso à concessão do benefício, com sua irmã e sua cunhada no plenário, manifestando-se juntamente com dezenas de outras mães nas sessões.

“São coisas pitorescas, pelas quais temos de passar. Mas temos o compromisso de fazer o correto”, diz Gilberto Costa, homônimo de um ex-jogador do Corinthians. “É para popularizar o nome”, brinca.

Apesar do êxito na função estratégica, a ocupação tem data certa para ser entregue: dezembro de 2008, “mesmo se for reeleito”. “Seria um término natural. Temos de dar espaço para outros”, ressalta o parlamentar, que no início do ano passado pensou em deixar a liderança pois “queria o apoio de Auricchio na campanha para deputado estadual” e não teve. A pedido dos pares da Casa e após uma reflexão – “ele estava certo” – desconsiderou e continuou na colocação.