Neste domingo à noite, durante a premiação do Oscar, Steven Soderbergh, 38 anos, tem chances dobradas de levar a estatueta de melhor diretor para casa. É que ele concorre na categoria com dois filmes: Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento e Traffic, ambos também concorrentes da principal modalidade, a de melhor filme. Essa é a terceira vez que a difícil dobradinha acontece.

A primeira foi em 1938. O diretor Michael Curtiz foi indicado por Quatro Irmãs e As Aventuras de Robin Hood (em parceria com William Keighley). Mesmo assim, foi Frank Capra quem levou a melhor, concorrendo com Do Mundo Nada se Leva. Melhor sorte teve Francis Ford Coppola, que em 1974 disputou com dois filmes: A Conversação e O Poderoso Chefão 2, pelo qual recebeu o prêmio.

Stephen Daldry (Billy Elliot), Ridley Scott (Gladiador) e Ang Lee (O Tigre e o Dragão) são os fortes adversários de Soderbergh, que não esconde da imprensa sua ansiedade. Enquanto a entrega das estatuetas não chega, o diretor já trabalha na refilmagem do clássico de Rat Pack, Ocean’s Eleven, que tem participação especial de Julia Roberts.

Aos 26 anos, em 1989, Soderbergh recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes com o emblemático sexo, mentiras e videotape, e se tornou o mais novo diretor a ser agraciado com esse prêmio. Na época, a revista Rolling Stone descreveu o talentoso jovem diretor como uma mistura de Steven Spielberg com Woody Allen.

Depois vieram filmes medianos, que não agradaram nem público e nem crítica: Kafka (1991), Inventor de Ilusões (1993), Obsessão (1994), The Underneath (1995), Schizopolis (1996) e Gray’s Anatomy (1997). Começou a acertar a mão com Irresistível Paixão (1998), com George Clooney e Jennifer Lopez. E somente há dois anos a crítica voltou a se lembrar dele por causa de O Estranho, sobre um ex-assassino de aluguel.

Mas foi com Erin Brockovich, seu nono longa, que Soderbergh caiu nas graças do público norte-americano. Estrelado por Julia Roberts e Albert Finney – que concorrem ao Oscar de atriz e ator coadjuvante –, o filme acumulou US$ 90 milhões de bilheteria nos Estados Unidos em apenas dois meses de exibição. Traffic repetiu o sucesso e foi eleito pela Associação de Críticos de Cinema de Nova York a melhor produção cinematográfica do ano.