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Após derrota, PDT de Mauá se afunda em crise
Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
20/11/2020 | 08:00
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Celso Luiz/DGABC

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O PDT de Mauá entrou em pé de guerra depois do primeiro turno. O desempenho aquém do esperado do ex-prefeito Donisete Braga (PDT) e a derrota do único vereador da legenda na cidade, Tchacabum, fizeram explodir o clima interno, que já não era dos melhores antes mesmo de a eleição começar. Coordenador regional do PDT e dirigente estadual da legenda, Júnior Orosco (com o microfone, na foto) publicamente criticou a performance eleitoral de Donisete – 5.174 votos (2,68% dos válidos), sexto colocado – e o fato de o prefeiturável aderir à campanha de Marcelo Oliveira (PT) no segundo turno sem conversar com o partido.

“Ele (Donisete) conduziu a campanha completamente isolada do comando do partido. Tentando se apropriar do partido, ele foi enganando e conduzindo a seu bel-prazer, dizendo que não havia parceria, participação. É grande mentira. A própria prestação de contas mostra que entraram R$ 800 mil para a campanha majoritária (do fundo eleitoral), sem repasse volumoso aos candidatos a vereador. Eles achavam que teria distribuição maior. Achavam que ele teria desempenho no mínimo razoável, e não ridículo, horrível como foi”, disparou.

Ex-secretário de Obras, Orosco prosseguiu nos questionamentos. Reclamou do fato de Donisete anunciar apoio a Marcelo antes da deliberação partidária. “O Donisete apavorado, ele sairia da negociação individual, se antecipou. Informou reunião surpresa. Querendo levar o PDT acima dos interesses coletivos. O PDT não vai aceitar isso. Não acompanha ele nesse apoio. Está decidindo o rumo para o segundo turno. Está pensando nos objetivos para os próximos quatro anos. O que foi discutido nesse caso foi individual. O PDT não o acompanha neste momento. Ele quer dar rasteira no partido. Rasteira ele deu no Oswaldo Dias no passado. No PDT não”, afirmou Orosco, em referência à mudança da chapa do PT em 2012 – à época, Oswaldo era prefeito e foi alijado do processo de reeleição por uma frente que incluía Donisete.

Donisete disse que Orosco está “chateado porque não elegeu o Tchacabum, algo que estava programado para sua campanha a deputado federal (em 2022). Ele está preocupado com a questão legal, está inelegível. Deve ser por isso que está tão chateado”. O ex-prefeito declarou que Orosco não participou da eleição e que, no domingo, confidenciou que votou em Marcelo Oliveira. “Ele falou ao Marcelo que fez voto útil porque achava que eu não iria ganhar a eleição. Eu achei absurdo isso, porque ele é dirigente do PDT e previu a derrota do candidato aliado. Eu nunca vi isso no planeta. Ele diz que votou no Marcelo porque tem uma birra com o juiz”, acusou o pedetista, em referência a João Veríssimo, candidato do PSD e terceiro colocado no pleito. “Eu vou votar no Marcelo no dia 29. Ele se antecipou. Votou no Marcelo no domingo e vai votar no dia 29.”

Sobre a acusação de Orosco de que não teria repartido recursos do fundo partidário, Donisete rebateu. “Ele queria que passagem mais dinheiro para o Tchacabum. Repassei para todos os 35 candidatos a vereador, sou democrático. Não iria favorecer o candidato X ou Y. O PDT não tinha dinheiro para vereador, apenas para o majoritários. Na minha prestação de contas é possível ver que todos os 35 candidatos receberam igual. Talvez ele não saiba que tem a prestação de contas do PDT. Cada um dos 35 receberam R$ 4.200. Eu não fiz repasse maior para o Tchacabum, como ele (Orosco) queria. O Tchacabum, aliás, nem sequer fez campanha para mim.”

REUNIÃO
Orosco disse que hoje haverá reunião do PDT para deliberar sobre o apoio ao segundo turno. Ele indicou que a legenda caminhará com Marcelo, uma vez que não foram poucas as críticas dele ao prefeito Atila Jacomussi (PSB).

“Defendo a hipótese, com outras forças que se elegeram em outros partidos, construir frente antiAtila. Anticorrupção, antiladrão de merenda. Único que representaria isso seria o Marcelo. Conversei com muitos e se mostraram dispostos. Alguns até que estão atualmente no governo, que estão lá por sobrevivência, só que não suportam ver o que ele faz na cidade. Salvar cidade da mão desse larápio seria entrar nessa alternativa. Se eu concretizar a frenteAtila, antibanditismo, para que cidade seja resgatada, e possa ter futuro melhor, aí sim vou citar nomes”, comentou.

Orosco seria vice de Atila em 2016, mas, por problemas jurídicos, saiu da chapa. Sua então sogra, Alaíde Damo (MDB), foi alocada como número dois de Atila. Após a vitória em 2016, Orosco foi indicado para ser secretário de Obras de Mauá. Meses depois da posse, Orosco se separou de Vanessa Damo (MDB), se distanciou da família Damo e rompeu com Atila. 




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