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Macaco foge e dá trabalho
Deborah Moreira
Do Diário do Gr
19/08/2010 | 07:07
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 Macaco velho não mete a mão em cumbuca. O ditado popular pode ser atribuído ao macaco-prego de 22 anos Chico Manco, Há seis dias ele fugiu e está dando trabalho para técnicos e biólogos da Estância Santa Luzia, em Mauá, onde mora há 14 anos.

Os profissionais do local estão tentando capturar o animal com sedativo aplicado em frutas, pães e ovos crus. Mas, segundo eles, o animal é muito esperto. "É o mais inteligente do bando. Foi fácil pegar os outros, que fugiram junto, com frutas dentro de armadilhas feitas com gaiolas. Mas com ele temos que usar o calmante", explicou a veterinária Natália Rios Andrade, que também ajudou na captura da primeira fuga de Chico Manco há dois anos.

Na ocasião, o primata escapou porque um trecho da grade do espaço onde vive enferrujou e acabou abrindo um buraco.

Desta vez, a grade acabou cedendo em um dos trechos por causa de um vendaval ocorrido na madrugada de sexta-feira. "Existe uma palmeira, da espécie jerivá, que acabou balançando muito e movimentou a grade. Quatro macacos aproveitaram e escaparam", contou o biólogo Ronaldo Morais, coordenador cultural do local, que mantém cerca de 300 espécimes.

Segundo o biólogo, já foram utilizadas armadilhas físicas, como gaiolas e redes, além dos anestésicos nos alimentos. "Tem que ter paciência. A espécime é muito ágil. O jeito é esperar que ele sinta fome e coma o alimento com o remédio", disse ele.

NÃO ALIMENTE O MACACO
Um dos fatores que está dificultando a captura do animal é que, por se tratar de um animal dócil, a população acaba ajudando ele, dando comida.

"De forma alguma se deve alimentar um animal nessas condições. Ele precisa sentir fome para cair na nossa armadilha. Como ele sente o gosto do anestésico, ele acaba não comendo o que estamos oferecendo e só come o que os moradores estão dando", explicou a veterinária Natália.

A estudante Paloma Cristina dos Santos Silva, 16 anos, moradora da Vila Real, bairro vizinho à Estância, para onde foi o animal, foi uma das moradoras que o alimentou. "Eu não sabia que isso prejudicaria. Ele é muito manso, brinquei com ele e acabei dando algumas frutas", contou Paloma, por quem Chico Manso se afeiçoou. Por conta disso, está ajudando a veterinária na busca.

Ontem, ele foi avistado algumas vezes no bairro. "Já tinha visto ele ontem (terça-feira) comendo na mão de uma vizinha. Hoje (ontem) cedo estava andando de bicicleta quando o vi em cima dos telhados das casas e fui correndo avisar". disse José Araújo, 56, morador do local há 14 anos. A equipe que busca o animal já estava no local e tentou cercá-lo, porém, escapou novamente. Ele voltou a aparecer no meio da tarde e por volta das 18h30.

"Agradecemos o apoio de todos. Temos recebido ligações de diversos lugares do País por causa da divulgação. As pessoas querem ajudar dando dicas de como pegá-lo", revelou Natália.


Mantenedouro pede apoio ao Ibama e a Polícia Florestal
O mantenedouro na Estância Santa Luzia pediu reforços para a Polícia Florestal e ao Ibama para a captura do macaco, "A responsabilidade pelo animal é nossa. Recebemos todos os que nos trazem com carinho. Só pedimos um apoio na captura", disse o gerente José Roberto Natalício.

A Polícia Florestal foi procurada pelo Diário mas não retornou. O Ibama afirmou que a responsabilidade da captura é do mantenedouro. Outro reforço lembrado pela população foi o Corpo de Bombeiros. Procurados, o 8º GB (Grupamento de Bombeiros) disse que não é uma atribuição deles, que podem orientar sobre as formas para pegá-lo.

 

O macaco-prego é muito inteligente e tem muita habilidade com as mãos. Facilmente ensinado, se adapta-se bem ao cativeiro por isso é muito procurado no comércio clandestino de animais silvestres. eles chegam a viver 40 anos. (Deborah Moreira)

 


Chico Manco tem irmão gêmeo
Chico Manco vive com outros 10 macacos-prego em um mantenedouro, dentro da Estância Santa Luzia, Um deles é Chico, irmão gêmeo do macaco fujão.

"Trata-se de um dos maiores bandos da espécie em cativeiro. E as chances de nascerem gêmeos na espécie é de 2%. É um caso raro", disse o biólogo Ronaldo Morais.

Além deles, também há no local saguis, capivaras, quatis, patos, araras, papagaios, maritacas, gaviões, corujas, tartarugas de água doce e jabutis.

"Somos um mantenedouro que é referência para o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Todos os animais daqui vêm de apreensões do comércio clandestino ou porque foram encontrados com algum ferimento", disse José Roberto Natalício, gerente da Estância.

Para manter os animais são gastos cerca de R$ 8 mil em alimentação, remédios e profissionais. Só em frutas são cerca de R$ 400 por semana. "Quando tínhamos leão e tigre o gasto era ainda maior com carne", lembrou José Roberto.

JABUTIS
Uma das ações do mantenedouro é o repatriamento de alguns dos animais. Atualmente, um grupo grande de jabutis está sendo preparados para isso. "Um de nossos maiores projetos atualmente é o repatriamento dos jabutis, em conjunto com o Ibama. Temos cerca de 130 deles aqui. Para cada um deles, nove morreram no tráfico ilegal de animais", lembrou ronaldo.

 




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