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Empresário descarta repique inflacionário
01/02/2004 | 19:41
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Os empresários negam que haja um clima de animosidade entre eles e o governo, mas não deixam escapar a oportunidade de rebater as acusações de Brasília de que possíveis reajustes de preços levarão a um repique inflacionário que pode pôr em risco a retomada da economia. Membros do governo e fontes da área econômica têm dito nas últimas semanas que a alta de 3% para 7,6% na alíquota da Cofins não é justificativa para aumento de preços e ameaçam eventuais remarcações com um “soco no estômago”. Na outra ponta, a indústria argumenta que a demanda continua fraca, culpa os preços administrados pelo repique inflacionário e insiste que a retomada da economia depende da política de juros.

A realidade sugere que a queda de braço existe, sim. Enquanto o Copom decide manter a Selic inalterada, pipocam anúncios sobre novos aumentos. Os preços dos eletroeletrônicos devem subir entre 10% e 15%. As montadoras anunciaram alta de 5% em janeiro, as indústrias de resina plástica subiram seus preços entre 10% e 15% em janeiro e projetam um novo aumento em fevereiro, da ordem de 20%. Em conseqüência, os fabricantes de embalagens flexíveis negociam uma alta de 18% nos valores de seus produtos.

Ainda assim, os porta-vozes da indústria insistem que, se houver remarcação de preços, será apenas nos setores mais pressionados pelos preços de insumos (como aço, petróleo e derivados), e que, justamente por conta da demanda reduzida, não há espaço para repique inflacionário.

O diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Claudio Vaz, por exemplo, disse que os anúncios de aumento são argumentos para desova de estoques. “Nos índices de inflação não encontramos alta de preços em nenhum produto industrial”, reiterou.

No setor de construção civil, para se ter uma idéia, o recuo de 30% na procura por material de construção no ano passado deve segurar o reajuste de preços, apesar da alta no preço de insumos como aço e cimento. “Não há espaço para ajustes”, disse o vice-presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Eduardo Zaidan.

O diretor-executivo do Iedi (Instituto do Desenvolvimento Econômico e Industrial), Julio Sergio Gomes de Almeida, disse que, além do setores que sofrem forte impacto do preço das commodities, há também áreas da indústria que precisam recompor margens de lucro para não quebrar. Ele cita têxteis, calçados, alimentos, fármacos e higiene e limpeza, que operam com margens próximas de zero.

A recomposição das margens, segundo o Iedi, teria um impacto muito pequeno sobre a inflação. Primeiro porque os reajustes se dariam por um processo diluído ao longo do tempo. Principalmente por conta da fraca demanda, o comércio apostaria, por exemplo, em promoções. “Depois, porque recomposição não significa explosão de preços”, reiterou.

O economista Fabio Pina, da Fecomércio (Federação do Comércio-SP), lembrou que só se pode falar em explosão de preços e corrida por formação de estoques se houver um movimento generalizado de alta, o que não é perceptível.




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