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Empresas questionam censura
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
01/04/2001 | 21:01
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  A briga entre as distribuidoras cinematográficas e o Departamento de Classificação da Secretaria da Justiça está cada vez mais acirrada. De um lado, as responsáveis pelos filmes em cartaz nos cinemas; de outro, a censura, que determina a classificação – nem sempre aceitável – dos títulos.

A encrenca mais recente foi criada pela Europa Filmes e a Art Filmes, empresas que entraram com um recurso para diminuir a faixa etária indicada para Traffic, drama de Steven Soderbergh que ganhou quatro Oscar este ano. O filme, classificado para maiores de 18 anos, é um retrato quase documental do tráfico de drogas e suas vertentes no eixo México-Estados Unidos.

A distribuidora queria que Traffic fosse indicado para maiores de 16 anos. Segundo o representante Marco Aurélio Marcondes, a idéia era reverter a situação para atender os pedidos de pais e entidades de apoio a drogados para que fosse permitido aos adolescentes o acesso à fita.

Já os diretores do Departamento de Classificação Mozart Rodrigues e Reinaldo Jardim mantiveram a decisão tomada na estréia do filme, no começo de março, pois a fita mostra o “consumo de drogas, violência e desvirtuamento de valores”.

Traffic é, realmente, um filme para públicos restritos, mas não deixa de ser educacional. Para adultos ou adolescentes, é deprimente ver a personagem Caroline (interpretada por Erika Christensen), 16 anos, filha de um juiz influente, cair no submundo das drogas e, já no fundo do buraco, ter relações sexuais com um traficante em troca de um cigarro de crack. A cena é chocante, mas mostra uma realidade pouco vista no cinema – mas muito próxima quando passada para a vida real.

Outro caso discutido atualmente é o da comédia romântica Amores Possíveis, de Sandra Werneck, que recebeu conotação inicial de 16 anos – como Hannibal, de Ridley Scott, aquele em que o psicopata-canibal Hannibal Lecter faz com que uma de suas vítimas coma um filé do próprio cérebro. O filme de Sandra, como informa o título, fala sobre três possibilidades na vida de um jovem casal.

A decisão foi revogada para 14 anos. “Trata-se de um filme adulto, não perderíamos nosso público. Mas o critério adotado pela censura é muito questionável”, diz Marcos Oliveira, representante da Fox.




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