A populaçao paraguaia enfrenta momentos de grande expectativa, um dia antes de o presidente Raúl Cubas comparecer ao Senado para se defender no processo que poderá resultar no seu impeachment. Greves generalizadas e conflitos envolvendo partidários e adversários de Cubas transformaram a capital paraguaia em um verdadeiro caos, desde o assassinato do vice-presidente Luis María Argaña, na terça-feira.

Cubas e seu padrinho político, o general golpista Lino Oviedo, foram responsabilizados pelo crime. Oviedo, por sinal, está no centro do processo de impeachment aberto contra Cubas. O general foi condenado a 10 anos de prisao por uma tentativa frustrada de golpe, em 96, contra o entao presidente Juan Wasmosy. Ele chegou a ser preso, mas foi libertado em agosto do ano passado, por ordem direta de Raúl Cubas - em um dos seus primeiros atos como novo presidente do Paraguai.

Argana, o vice assassinado, era inimigo de Oviedo e criticava abertamente Cubas pela ajuda ao amigo golpista, em desrespeito à decisao judicial que levou o general à cadeia. No processo de impeachment, o presidente paraguaio é acusado de reiteradamente ignorar a sentença que condenou Oviedo. O processo seguia em banho-maria, mas foi agilizado ainda na tarde de terça-feira, poucas horas após o assassinato de Argana.

A decisao sobre o futuro político de Raúl Cubas está prevista para a próxima terça-feira, exatamente uma semana após após o fuzilamento do vice-presidente. Para que Cubas seja afastado do cargo, a oposiçao terá de conseguir 30 votos - dois terços dos 45 senadores paraguaios. Em caso de destituiçao, o país passaria a ser governado interinamente pelo presidente do Senado, Luis González Macchi, a quem caberia convocar novas eleiçoes para a escolha do presidente e vice paraguaios.