A intenção do presidente venezuelano Hugo Chávez, reeleito domingo, de conceder nacionalidade a quatro membros da organização separatista basca ETA para protegê-los da justiça espanhola suscitou uma grande polêmica na Espanha nesta terça-feira.
"Se esta decisão for realmente tomada", seria "inaceitável para a Espanha", declarou o ministro espanhol do Interior, Alfredo Perez Rubalcaba.
Ele destacou, porém, que Caracas ainda não confirmou oficialmente esta intenção e que sua opinião à respeito se baseia no que leu nos jornais.
A imprensa espanhola reproduziu uma informação da agência de notícias basca Vasco Press segundo a qual o governo de Chávez estaria disposto a conceder a nacionalidade venezuelana a quatro membros presumidos do ETA refugiados há vários anos na Venezuela, para evitar que eles sejam extraditados para a Espanha.
Uma fonte do ministério espanhol das Relações Exteriores disse na noite desta terça-feira à AFP que Madri considera estas informações "muito preocupantes", e pediu explicações "urgentes" ao governo da Venezuela.
Segundo a Vasco Press, Caracas também teria decidido dar uma indenização de 325.000 euros a dois membros do ETA extraditados pela Venezuela e condenados a longas penas de prisão na Espanha.
"É absolutamente intolerável que o governo espanhol se declare amigo do governo de Chávez quando acontece esse tipo de coisas", indignou-se Ignacio Astarloa, um alto representante do Partido Popular (PP, oposição).
De fato, a notícia foi revelada um dia depois de o chefe do governo espanhol, o socialista José Luis Rodriguez Zapatero, ter ligado para Chávez para felicitá-lo por sua reeleição. No final da tarde, funcionários do ministério dos Assuntos Exteriores espanhol disseram à AFP que o governo da Venezuela "não dará indenizações nem concederá a naturalização" a membros da ETA residentes no país.
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, recebeu hoje o embaixador espanhol em Caracas, Raúl Morodo, assegurando esta decisão.
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