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Oposição espera condenar Bush à coabitação
Da AFP
07/11/2006 | 20:27
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Cerca de duzentos milhões de americanos foram às urnas nesta terça-feira para participar de eleições que poderão forçar o presidente George W. Bush a uma complicada coabitação nos dois últimos anos de sua presidência, ao término de uma campanha dominada pela guerra no Iraque.

Foram registrados muitos transtornos. As seções eleitorais da Costa Leste apenas abriram e começaram os problemas com as máquinas eletrônicas.

O departamento de Justiça enviou 850 observadores a 22 Estados - uma presença recorde - para verificar o processo de votação Na Califórnia, 14 mil cidadãos hispânicos receberam carta com informações falsas, advertindo os imigrantes para o risco de detenção se fossem votar sem ter direito. Na Virgínia, o FBI está investigando também um possível caso de intimidação, segundo o site NBC News. O departamento da Justiça foi alertado de numerosas queixas de eleitores que dizem ter recebido telefonemas com informações erradas e confusas sobre o voto. Em comunicado à imprensa, o Partido Democrata da Virgínia acusou os republicanos de tentativa de afastar os eleitores das urnas.

A oposição democrata confia na recuperação da maioria na Câmara dos Representantes, pela primeira vez desde 1994, mas a reconquista do Senado parece mais difícil.

"Vamos ganhar a Câmara", afirmou na CNN o presidente do Partido Democrata, Howard Dean, sem mencionar o Senado.

Os dois lados se mobilizaram para combater o abstencionismo, que costuma ultrapassar 50% para eleições parlamentares.

Os americanos foram convocados à urnas para eleger ou reeleger os 435 membros da Câmara dos Representantes, 33 dos 100 senadores e 36 dos 50 governadores, além de incontáveis dirigentes locais.

A maioria será democrata na Câmara se a oposição ganhar 15 cadeiras suplementares. Em se tratando do Senado, os democratas precisam conquistar mais seis cadeiras para obter a maioria.

O presidente do Partido Republicano, Ken Mehlman, se baseou em várias pesquisas recentes que mostram uma vantagem democrata reduzida nas intenções de voto. "Tivemos um verdadeiro impulso no fim de semana passado", afirmou.

Mais confiante, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, retornou nesta terça-feira a Washington após cinco dias de campanha eleitoral para fazer uma das coisas que o agrada menos: aguardar os resultados das eleições legislativas para ter uma idéia mais precisa sobre os dois últimos anos de sua presidência.

"Nosso governo só vale pela vontade do povo de participar dele. Portanto, qualquer que seja seu partido ou mesmo se vocês não têm partido, cumpram seu dever e votem", disse Bush.

Depois de votar, junto com a primeira-dama, no seu reduto de Crawford (Texas), o presidente voltou a Washington para "acompanhar os resultados".

Os democratas transformaram estas eleições num plebiscito sobre o Iraque e contra o presidente.

O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, afirmou que apesar de todas as especulações públicas, o governo não se preparava para o pior. "Pensamos que o Congresso ficará republicano. Só vou lhes dizer uma coisa: George W. Bush está preparando dois anos de presidência muito ativos", declarou.

Para os republicanos, votar no partido significa garantir a segurança do país e impedir os aumentos de impostos que os democratas, segundo eles, decidiriam.

Referendos sobre a proibição do casamento gay organizados em oito Estados também permitiram a vários republicanos mobilizar seus eleitores.

Os democratas, por sua vez, fizeram de tudo para transformar estas eleições num plebiscito sobre a guerra no Iraque, onde mais de 2.800 soldados americanos morreram. Ajudados por uma série de escândalos de corrupão e sexuais que abalaram o Partido Republicano e a direita religiosa, os democratas também esperam que referendos sobre o aumento do salário mínimo incentivarão os excluídos da recuperação econômica a votar.

Para garantir a transparência do processo eleitoral, os dois lados mobilizaram milhares de juristas encarregados de supervisionar a votação.

Mais de 250 incidentes foram registrados pela manhã em Ohio, e entre 51 e 250 em vários outros Estados (Nova York, Califórnia, Texas, Flórida, Arizona, Michigan, Geórgia ...), de acordo com o site da operação "Proteger as eleições", conduzida por diversas organizações.

Dois condados decidiram prolongar a votação em pelo menos uma hora, nos Estados de Pensilvânia e Indiana (norte), devido a problemas de programação das urnas eletrônicas.

Em Ohio, as 12 urnas eletrônicas de um colégio eleitoral de East Cleveland, num bairro da comunidade negra, não funcionaram na hora da votação. "Eles mandaram os eleitores embora", denunciou um jurista. Foram necessárias duas horas até que as máquinas voltassem a funcionar.

Os últimos centros de votação devem fechar suas portas às 20H00 no Alasca (03H00 Brasília de quarta-feira), 18 horas após a abertura das primeiras urnas eletrônicas na costa leste dos Estados Unidos.




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