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Ontem e hoje
Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
29/08/2011 | 07:45
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A música o descobriu e ele a descobriu ainda cedo, quando tinha apenas 4 anos. Sua avó era professora de piano clássico e sua mãe tocava o instrumento. Como se não bastasse, os discos de música brasileira de seu pai, advogado, foram o universo para que descobrisse outros ritmos, como o baião e o samba. Aos 6 anos, avó e mãe o levaram a um conservatório de música clássica para que as professoras detectassem se tinha talento. Sua inclinação era totalmente musical, segundo a avaliadora.

Figura conhecida da música brasileira, o cantor, compositor e arranjador carioca Marcos Valle trilha carreira brilhante já há quase cinco décadas e agora vive ótimo momento na vida musical. Seu novo disco, Estática (EMI, 24,90), chega às prateleiras recheado por 15 canções. Trabalho que tem arrancado suspiros da crítica europeia, Estática traz toda a mistura de elementos que Valle carrega desde o início da carreira, mas tudo no novo álbum tem frescor. "Eu acho que tem muito da personalidade do artista. Não existe certo e não existe errado, tem pessoas que procuram manter o que sempre fizeram. Eu não gosto quando as coisas se repetem. Isso me cansa um pouco", conta Marcos Valle.

Característica em seus discos, a mistura delicada e inteligente de estilos também se faz presente na nova empreitada em canções como Vamos Sambar e Prefixo. Além da participação de uma orquestra - o que enriqueceu ainda mais as melodias - Estática traz sangue novo à música de Valle, com a participação da guitarra de Marcelo Camelo na faixa Esphera.

E para Valle, essa troca de experiências com artistas mais novos é muito importante. "Esse pessoal jovem diz que é influenciado por mim, eles dizem várias coisas. Mas na hora que eu faço música com eles, com o Camelo ou seja lá com quem for, também pego algo, me traz coisa nova, me dá frescor", revela.

O músico, que costuma guardar em fitas as ideias que surgem em sua cabeça, diz que as canções sempre nascem basicamente de uma emoção. Seja de felicidade, de tristeza ou algum protesto. As ideias, que segundo ele, não têm local e hora para brotar, se não forem registradas com rapidez, podem cair no esquecimento. "Procuro sempre ter um gravadorzinho perto de mim para que possa guardar essas coisas. Já aconteceu de perder mesmo a ideia. E eram coisas boas. Se você não registrar, é possível que você não pegue mais. E como já passei por esse problema, então, deixo um gravador perto do piano e quando me lembro, levo no carro", diz.

Além do novo CD, a caixa Marcos Valle Tudo (EMI, R$ 136 em média) chega para enlouquecer os apreciadores de sua obra. Com curadoria de Charles Gavin, o box traz os dez álbuns que o cantor lançou pela gravadora Odeon entre 1963 e 1974, todos remasterizados. Um outro disco, The Lost Tapes, também integra a obra. Trata-se de gravações inéditas, do que deveria ser lançado ainda no início da carreira. "Quando a EMI me mandou a caixa, fiquei ouvindo até às 6h da manhã. Um atrás do outro. Tive uma emoção muito grande", diz o carioca.

As músicas de The Lost Tapes foram encontradas acidentalmente por Gavin em uma fita no porão da gravadora EMI. "Eu lembrei que era o disco que eu não tinha terminado. Anos e anos depois, você escuta as músicas e gosta. Podia ter sido feito hoje. Então, é realmente perfeito, foi um presente até para mim. A caixa é fantástica. Estou vivendo um momento muito bom da minha carreira, tudo isso chegou numa hora muito boa".




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