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Trecho peruano do rio Amazonas está em seu nível mais baixo
Da AFP
06/10/2005 | 16:51
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Vários especialistas alertaram que o rio Amazonas, o mais caudaloso do mundo, atingiu no início de outubro seu nível mais baixo no início de outubro em Iquitos, região de selva a nordeste do Peru, desde que começou a ser medido, há 36 anos.

Em Iquitos, o nível do rio está em 106,50 metros sobre o nível do mar, o mais baixo já observado desde que começou a funcionar a estação de registro da Empresa Nacional de Portos (Enapu, estatal), em 1969. O nível corresponde a uma torrente fraca de 12.000 m3/s.

O recorde anterior havia sido registrado em setembro de 1995, com 106,60 metros sobre o nível do mar, segundo o hidrólogo Jean-Loup Guyot.

"É muito claro, os níveis baixos são mais freqüentes na última década", acrescenta o pesquisador do IRD (Instituto de Investigação para o Desenvolvimento) e encarregado do projeto HYBAM (Hidrologia da Bacia Amazônica, na sigla em francês).

A baixa dos níveis de água no Amazonas e seus afluentes fez com que o transporte fluvial - único meio de comunicação de muitos povoados da selva peruana - se demore e seja difícil, o preço das cargas aumente e os barcos não consigam entrar em alguns portos devido ao risco de encalhar.

Ena Jaime, climatologista do Senamhi (Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia), disse que está em alerta, fazendo estudos e o acompanhamento do comportamento do clima na selva norte do Peru.

"Neste ano tivemos fenômenos adversos muito pouco freqüentes afetando o rio Amazonas, que voltou a decair por causa do atraso das chuvas", explicou.

Uma das situações que contribuiu para o atraso das chuvas é a presença tardia dos furacões, acrescentou.

"Quando os sistemas atmosféricos estavam chegando de forma normal a nosso hemisfério, apareceram os furacões, que moveram o sistema para os países do norte como a Colômbia e a Venezuela", explicou.

A esta situação pouco freqüente se soma o alto índice de desmatamento na Amazônia.

"Estima-se que sejam 10 milhões os hectares desmatados por migrações andinas, queimadas de terras, corte indiscriminado, tráfico de drogas e outros", afirmou Fernando Rodríguez, do IIAP (Instituto de Pesquisas da Amazônia Peruana, na sigla em espanhol), com sede na região florestal de Loreto, norte do país.

Ena Jaime afirmou que os estudos de Senamhi estimam que as chuvas deverão chegar à selva norte em outubro e então "a situação começará a se normalizar".

Julio Ordóñez, diretor de hidrologia do Senamhi, disse por sua vez que cientificamente não está provado que a situação anômala na selva norte tenha sido causada pelo aquecimento global.

O Senamhi disse que por enquanto a situação não pode ser considerada alarmante, "nem menos poderia sofrer alterações do ecossistema".

No entanto, Ena Jaime destacou que "seria perigoso para a Amazônia se os fenômenos atmosféricos se apresentem continuamente, ou seja, a cada um ou dois anos porque afetaria o sistema na selva".

O IIAP e o Inrena (Instituto Nacional de Recursos Naturais) de Iquitos destacaram um aspecto positivo na situação do Amazonas.

A baixa das águas deixa na terra nutrientes aproveitados pelos agricultores, 90% dos quais semeiam nas margens sem preocupação com as inundações que em outros anos costumavam destruir os cultivos nesta época.




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