O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, Luiz Flávio Borges D'Urso, confirmou que a entidade entrou com pedido de habeas corpus no TJ (Tribunal de Justiça) paulista, na Capital, para suspender o inquérito policial que investiga a conduta da advogada Ana Lúcia Assad, defensora de Lindemberg Alves Fernandes. A polícia apura se a bacharel cometeu crime contra a honra da juíza Milena Dias, durante o júri que condenou seu cliente a 98 anos de prisão, em fevereiro, pela morte da estudante Eloá Pimentel.

A decisão de recorrer ao TJ se deve ao fato de o primeiro pedido de anulação feito pela OAB, no Fórum de Santo André, ter sido rejeitada pelo juiz Glauco Costa Leite na quinta-feira. "Vamos até as últimas consequências para garantir os direitos dela", disse D'Urso, que participou ontem de evento em Santo André.
Ana Lúcia retrucou a juíza no segundo dia de júri. Ao ver questionada sua tese de "verdade real", sugeriu que Milena "voltasse a estudar.""Ela (magistrada) se equivoca sobre o conceito. Ana Lúcia foi desqualificada profissionalmente e reagiu com elegância. Ela passou por constrangimento ilegal."

A advogada disse ao Diário que entraria com recurso contra a juíza. Até agora, não há novidade. D'Urso disse que a OAB se limitaria a ajudar Ana Lúcia a se defender em seu inquérito. Segundo ele, a repercussão do julgamento ajudou a "censurá-la publicamente."

"O tribunal do júri envolve paixão e rapidez de raciocínio. O profissional se deslumbra. Normalmente o debate é muito tenso. Às vezes pode até acontecer deslize, dizer algo que vai além do razoável, mas isso está dentro do aceitável", apontou o presidente da OAB. "Ela não passou nem um milímetro do padrão."

Segundo o delegado seccional de Santo André, Guerdson Ferreira, o inquérito continua em vias de ser concluído, mas é necessário esperar por resultado definitivo da Justiça para seguir em frente. "Estamos apenas aguardando para dar sequência ao trâmite", disse.