Como nada em Elefante está ali por acaso, isso acontece porque o diretor opta por seguir os passos dos adolescentes um a um, sempre com planos-seqüência (sem cortes), numa metáfora à individualidade dos adolescentes de hoje. O realismo está também nos personagens, todos eles estudantes de verdade, todos eles tratados pelo nome real. Para cada um, a experiência de estudar numa escola de subúrbio típica dos Estados Unidos é diferente: estimulante, amistosa, traumática, solitária.
Não é um documentário, mas uma ficção baseada em fatos reais. A diferença de Elefante para Tiros em Columbine é que o diretor deste, Michael Moore, assume uma posição: ele é contra o porte de armas e coloca a culpa na cultura bélica dos Estados Unidos. Já Van Sant não julga, em nenhum momento, os envolvidos no massacre. Ele apenas mostra fatos.
A história trata de um dia comum de outono, mas que não será nada típico até o desfecho. Elias está a caminho da escola e convence um casal a posar para suas fotografias. Nate termina o treino de futebol e vai almoçar com a namorada. John passa apuros no caminho da escola com o pai bêbado ao volante. No refeitório, Brittany, Jordan e Nicole, três amigas bulímicas, fazem fofocas e reclamam da bisbilhotice de suas mães. Michelle toma bronca na aula de Educação Física e John anda até o gramado, onde encontra Alex e Eric, que chegam à escola armados até os dentes.
Tudo é muito sutil em Elefante, daí a ironia no nome. Van Sant ganha confiança o bastante para não cortar demais, não preencher silêncios com ruídos ou trilha sonora. É uma obra pura, que coloca o espectador no lugar dos adolescentes, da mesma maneira que tudo ocorre para eles.
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