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Chuvas ameaçam igrejas históricas de Salvador
Do Diário do Grande ABC
03/04/2000 | 17:23
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As fortes chuvas que caíram na capital baiana durante toda a madrugada desta segunda-feira nao chegaram a provocar problemas graves à cidade. No meio da manha, as ruas da periferia - que amanheceram alagadas - já estavam secas. Por volta do meio-dia, o sol voltou a brilhar tranqüilizando os moradores. O temor persiste, contudo, nas irmandades religiosas responsáveis pelas igrejas seculares de Salvador, como a Matriz de Nossa Senhora do Pilar, da primeira metade do século 18.

A igreja, que abriga obras sacras de valor incalculável, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), em 1938, e tem como destaque o cemitério anexo em estilo neoclássico. A destruiçao do forro do teto, onde existe uma pintura (concluída em 1836) de José Teofilo de Jesus, discípulo de José Joaquim da Rocha, considerado um dos principais pintores brasileiros do século 18, é a ameaça que paira sobre a matriz.

Há três anos, visando proteger o forro, o Iphan consertou o telhado da igreja; porém, moradores de uma favela localizada próximo da matriz, voltaram a quebrar as telhas, atirando pedras, em mais um ato vandalismo. Segundo Florentina Carteado, membro da Irmandade do Pilar, a soluçao emergencial encontrada pelos guardioes da igreja foi utilizar as telhas que sobraram da reforma para substituir as quebradas. Mas isso, conforme ela, nao é suficiente para salvar o templo.

Diante do perigo de desabamentos, a irmandade transferiu a maior parte das imagens, quadros e alfaias para a Igreja da Conceiçao da Praia e o Museu de Arte Sacra. Restaram alguns quadros de José Joaquim da Rocha que se encontram na sacristia, local onde é realizada a única missa semanal, da igreja, aos sábados, por questoes de segurança. Na nave do templo, interditado para as celebraçoes, a única escultura que permanece é a do Cristo Crucificado, atribuída a um dos grandes mestres baianos no ofício, Manuel Inácio da Costa, instalada na parte alta do altar-mor. A imagem nao foi retirada pelo medo de ser danificada.

O superintendente do Iphan na Bahia, Francisco Santana disse que, no momento, o órgao só pode se comprometer a restaurar os quadros de José Teofilo de Jesus pertencente à Igreja do Pilar, como está fazendo no ateliê do instituto em Salvador. "Infelizmente, faltam recursos", disse. Segundo ele, no ano passado, o instituto recebeu apenas R$ 800 mil para obras de restauraçao no Estado. "Nossa prioridade é a recuperaçao do Forte Sao Marcelo", contou.

Ele acredita que a revitalizaçao do monumento tenha um efeito cascata, sensibilizando a iniciativa privada a investir na restauraçao do patrimônio histórico baiano.




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