Memória Titulo
As incursões deste homem que veio da Ilha da Madeira

Ele era filho de pequenos proprietários rurais no interior da Ilha da Madeira, um sítio chamado Arco da Calheta

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
01/07/2010 | 00:00
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Manuel de Jesus Agrela
(Madeira, Portugal, 20-10-1920 Santo André 29-5-2010)
"Da memória auditiva de quase um século preservou frases imutáveis, válidas para todas as ocasiões (tantas vezes repetidas, até se tornarem verdades)".
Dalila Teles Veras, do poema Meu pai, publicado em 2008.

* * *

Ele era filho de pequenos proprietários rurais no interior da Ilha da Madeira, um sítio chamado Arco da Calheta. Serviu o exército. Entre 1942 e 1945, foi cabo do batalhão de atiradores. Um período obrigatório na época das colônias portuguesas, durante a Segunda Guerra Mundial. Parte desses três anos, Manuel de Jesus Agrela serviu nos Açores.

A guerra terminou. No retorno à Madeira, Manuel casa-se com a namorada que o esperou, Maria de Lourdes, natural do Funchal, a capital da Ilha, cidade onde passaram a residir e onde nasceu Dalila, em 1946: "Sou um legítimo produto de pós-guerra, portanto", diz ela, a nossa Dalila Teles Veras, criadora da Livraria Alpharrabio, em Santo André.

No Funchal, Manuel trabalhou no comércio, mas a crise do pós-guerra o levou a emigrar (sozinho) para a Venezuela, deixando a mulher com dois filhos, Dalila e José Manuel, e grávida do terceiro, Floripes, que só veio a conhecer o pai mais de três anos depois de nascida.

Com a ajuda de irmãos que já estavam na Venezuela, Manuel se estabeleceu como comerciante em Caracas. Quatro anos se passaram. Mais uma vez Maria de Lourdes o aguarda. Há um breve retorno à Ilha da Madeira, mas foi necessário ficar ausente mais um ano, para acerto de negócios em Caracas. Enfim, o segundo retorno ao Funchal para, logo depois, emigrar com toda a família para o Brasil, em 1957.

Os Agrela residiram em São Paulo por 20 anos. Breves períodos no Jaçanã e Vila Galvão, em Guarulhos. E depois 18 anos no bairro de Santana.

O Grande ABC entra na vida de Manuel e Maria de Lourdes em 1977, por influência de Dalila e José Manuel, que aqui já estavam. Manuel teve armazém no Rudge Ramos. Depois, Santo André.

"Dono de uma invejável saúde (dirigiu seu automóvel até três meses antes de sua morte) e uma férrea vontade de viver, muito assimilou dos costumes brasileiros nos 53 anos que aqui viveu, mas soube também manter suas raízes lusas", escreve Dalila

Manuel de Jesus Agrela adorava ouvir Amália Rodrigues. Com a chegada da TV a cabo, não desgrudava do aparelho, sempre sintonizado no canal português. Voltou à Madeira, a passeio, por três ocasiões, já com a idade avançada, o que o tornou um entusiasta divulgador da terra natal.

Era filho de Georgina de Jesus e Manoel de Agrela. O casal teve 14 filhos, vários faleceram ainda crianças, oito sobreviveram: Maria, João, Gabriela, Conceição, Antonio, Isabel e José, incluindo Manuel. Desses, todos falecidos, somente dois não vieram para o Brasil, João e Gabriela. Manuel partiu aos 89 anos, deixando seis netos e o primeiro bisneto, Filipe, de 2 anos, que é o primeiro neto de Dalila e Valdecirio Teles Veras. Manuel está sepultado no Cemitério de Vila Paulicéia, em São Bernardo.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Terça-feira, 1º de julho de 1980

Manchete - Papa reafirma que sua missão é pastoral. João Paulo II desembarcou ontem em Brasília

Editorial - João Paulo II quer o homem ligado a Deus

Grande ABC - Filas por carteira de identidade continuam.

Patrulheiros - Inaugurada a sede do Corpo de Patrulheiros Mirins do 2º Subdistrito de Santo André, no Jardim Ana Maria, uma obra do Rotary Santo André Norte. Na presidência, Rubens Janota; presidente do Corpo de Patrulheiros Mirins de Santo André, Antonio Robles Alvarez; beneméritos, Piero Polloni e Eliza Savone Sanchez, doadora do terreno, à Rua Paulino de Lima, 245.

Educação - Estudantes retornam às aulas na Fuabc.

Futebol - Domingo, no Estádio Bruno Daniel, Santo André 2, Esportiva 0; no Baetão: Aliança 2, Jabaquara 0.

Polícia - Motorista de táxi assassinado em Mauá.

EM 1º DE JULHO DE...
1877 - Inaugurado o Núcleo Colonial de Santana, em São Paulo. A capital recebia outros três núcleos: Glória, São Bernardo e São Caetano.

1965 - Fundada a Sociedade Amigos de Vila Boqueirão, em São Caetano.

Trabalhadores
Nascem em 1º de julho:
1904 - Pedro Manoel. Industriário da Rhodia. Residência: Rua Rio Grande do Norte, 236.

1917 - Ferdinando Ollita. Natural de Piracicaba. Mecânico da Atlantis. Sócio nº 39 do Sindicato dos Químicos do ABC. Residência: Avenida Barão de Mauá, 60.

1918 - Antonio Palmiro. Natural de Capela Magiore, Itália, Mecânico da Alca. Residência: Utinga.
Fonte: 1º livro geral de registro dos associados do Sindicato dos Químicos do ABC

HOJE
Dia Internacional da Arquitetura, Dia Internacional do Cooperativismo.

SANTOS DO DIA
Aarão, Domiciano, Ester, Marco Túlio Maruzzo Rappo e Obdulio Arroyo Navarro e Teodorico.




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