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Proposta de apoio a Bolsa de Tóquio causa polêmica
Do Diário do Grande ABC
28/11/2000 | 13:00
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Uma proposta de apoio financeiro público para a Bolsa de Tóquio, que perdeu cerca de 30% em oito meses, desencadeou uma grande polêmica nesta terça-feira entre os principais líderes do Partido Conservador, no poder, e os principais ministros do Governo de Yoshiro Mori.

O chefe da Agência de Planejamento Econômico (equivalente a um ministério do Planejamento), Taichi Sakaiya, rejeitou a hipótese de uma intervençao dos poderes públicos para judar a bolsa.

'Nem os políticos, nem o Governo deverao intervir diretamente no mercado bursátil', declarou Sakaiya aos jornalistas.

A idéia foi sugerida ontem pelo responsável por estratégia do Partido Liberal Democrata (PLD), principal formaçao da coalizao de Mori, Shikuza Kamei, político muito influente, mas conhecido por seu conservadorismo e sua oposiçao às reformas.

Kamei denunciou a 'atitude egoísta dos bancos', que começaram a se desligar de suas várias participaçoes em todos os tipos de companhia para sanear seus balanços.

O responsável japonês também pediu à Agência de Serviços Financeiros que atue para pôr fim, ou pelo menos frear, esse fenômeno.

'Em caso algum o Governo deve intervir para promover ou controlar qualquer coisa que esteja relacionada com as transaçoes de títulos', acrescentou Sakaiya.

Sem pronunciar-se muito a fundo, o ministro das Finanças, Kiichi Miyazawa, limitou-se a constatar que 'Kamei está preocupado com a recente queda das açoes porque isso tem um impacto sobre a opiniao pública'.

Miyazawa estimou que a evoluçao da bolsa está mais ligada às incertezas sobre a situaçao política dos Estados Unidos.

Depois de ter ganhado 2,8% no dia anterior, após a vitória autoproclamada por George W. Bush nas eleiçoes americanas, o Nikkei 225 perdeu 0,4%, até situar-se nos 14.658,87 pontos.

O secretário-geral do Governo, Yasuo Fukuda, excluiu, por sua parte, que o Governo possa ordenar a instituiçoes privadas como os bancos que parem de vender suas participaçoes cruzadas. 'Isso é problemático. Como Governo, nao creio que possamos dar instruçoes particulares', declarou Fukuda.

'A melhor maneira de enfrentar o problema é levar a cabo uma política orçamentária apropriada e guiar a economia para uma verdadeira recuperaçao', acrescentou.

O 'Plano Kamei' nao foi criticado apenas por seus colegas, como também pelos meios financeiros, que estimaram o mesmo estava motivado por consideraçoes políticas, para nao dizer puramente eleitorais.

O PLD acabou de sair de um violento conflito interno entre o setor renovador, que queria derrubar o primeiro-ministro Mori, e os partidários do status quo.

O PLD também teme perder as eleiçoes senatoriais previstas para o próximo verao, ante a atual impopularidade do Governo Mori, e acha que a queda de 28% do Nikkei 225 desde a posse de Mori à frente do Governo é mais um fracasso.




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