O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), disse que vai procurar o novo presidente do PMDB municipal, Nilson Bonome, para dialogar sobre possível apoio do partido para seu projeto de reeleição.

Ex-secretário de Gabinete e de Saúde, o peemedebista deixou o governo petebista em 31 de janeiro, após alguns meses de instabilidade, inclusive com discussões com o chefe do Executivo. Com diminuição gradativa do poder de Bonome na administração, o rompimento entre eles foi, de certa forma, traumático. Atualmente, o ex-homem-forte é pré-candidato ao Paço.

"Não descartamos, nós conversamos. Claro que vamos conversar, sempre. Converso com todos (...) Não tem motivo para não conversar. Nunca falei que não conversaria. Converso muito com os vereadores (José de) Araújo e (Sargento) Juliano, que compõem a base e foram presidentes da Câmara (desde 2009, quando começou a gestão Aidan, os peemedebistas comandam o Legislativo)", disse o prefeito, para em seguida completar. "Tenho certeza que, pelo bom-senso da política, nós vamos conversar. Estar junto é outra situação. Existe a vontade de ele de ser candidato (a prefeito)."

A aliança é difícil de ser concretizada. E o cenário entre PTB e PMDB na Capital, que poderia irradiar para outras cidades, também não é dos melhores para uma aproximação. A trincheira petebista reafirma o desejo de lançar o advogado Luiz Flávio Borges D'Urso à prefeitura de São Paulo e praticamente descarta apoiar a chapa peemedebista, encabeçada por Gabriel Chalita. Se houvesse apoio, a união seria repetida nas demais cidades paulistas, inclusive Santo André.

Integrante da secretaria-geral do PTB do Estado, Carlos Alberto Thadeo afirma que há muita especulação nesse momento de proximidade de convenção partidária, mas que nada de efetivo. Segundo ele, o presidente petebista em São Paulo, Campos Machado, não cogita a hipótese de fazer a união pensando em agregar forças em outras cidades. "Na atual conjuntura não há possibilidade (de parceria). Não é simpática à direção do partido. O Campos está intransigente, fazendo força (pelo voo solo), pois quem não joga perde torcida", disse ele, ao considerar que as municipais têm autonomia. "É claro que a estadual participa do diálogo, com orientações e apoio. Mas quem decide é o diretório local."

O próprio cardeal peemedebista e vice-presidente da República, Michel Temer, ponderou que uma circunstância nacional de peso poderia interferir em Santo André, adiantando que Bonome, seu pupilo político, estava avisado da chance de abrir mão da pré-candidatura, caso avançassem negociações de cunho federal e estadual.

O acordo, contudo, não vingou no prazo aguardado pela alta cúpula peemedebista. Com isso, o projeto de Bonome ganhou fôlego. Ressaltando que no âmbito estadual esse diálogo nunca mais entrou na pauta de discussões, o ex-homem-forte da gestão petebista atesta que Santo André, num primeiro momento, teria acerto. Entretanto, o governo perdeu o time de fazer as tratativas. "Vejo que agora não há mais alternativa nesse sentido (de aliança do PMDB com Aidan). Inviabilizou qualquer acordo." À época que atuou na administração andreense, Bonome intermediava articulação para ser vice na chapa governista.

Inicialmente, São Caetano também passou pelo bloco de negociações. O PTB tentou interceder para que a pré-candidatura própria do PMDB, pela oposição, após dissidência do bloco governista, não saísse. Em contrapartida, o diretório estadual peemedebista garantiu a empreitada do vereador Paulo Pinheiro no campo majoritário.