Cultura & Lazer Titulo Tradição
Bambas de Sampa

Série de shows no Memorial da América Latina e no Auditório
do Ibirapuera prestigiam samba; programação começa quarta

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
30/04/2012 | 07:07
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O samba paulista ganha reverência a partir de quarta com o lançamento da segunda edição do projeto 'É Tradição e O Samba Continua...', que leva aos palcos do Memorial da América Latina e do Auditório do Ibirapuera 23 atrações que farão desfilar os estandartes da cultura bamba do Estado.

O cardápio é completo: artesãos do gênero, artistas populares, amigos do samba, sambistas de raiz, finas natas da música popular brasileira, há tipos de batuque para tudo quanto é gosto. Célia, Quinteto em Branco e Preto, Fabiana Cozza, Graça Braga, Comunidade Samba da Vela e Velha Guarda da Camisa Verde e Branco estão entre os convidados.

Sumidade quando o assunto é samba de São Paulo, Osvaldo da Cuíca, um dos mais antigos sambistas paulistanos vivo, que participa do show de domingo, lamenta que o samba carioca seja mais visível do que o feito por aqui.

"O samba paulista continua sendo feito todos os dias, em todos os lugares. Aqui se produz muito mais, até por conta da dimensão geográfica, além da mistura de povos de todo o País", conta o músico, que considera ainda que perdemos identidade pela formalização de um padrão carioca e pela pasteurização da música.

"São Paulo perdeu o samba rural, o samba urbano. O samba paulista hoje é considerado paulista porque é feito aqui, mas não tem mais identidade de pulsação em sua batida e em seu linguajar."

Mas existe, para Osvaldinho da Cuíca, o consenso adquirido há algum tempo de que samba, não importa de onde venha, é todo igual, o que muda apenas é o sotaque. "O Adoniran Barbosa brigava muito comigo dizendo que o samba é brasileiro, que a diferença apenas é o sotaque. Hoje eu acredito nisso."

NÃO DEIXE O SAMBA MORRER
Samba das antigas, para Osvaldinho, não tem mais jeito de recuperar. "A concepção é outra, não tem mais senzala, não tem mais terreiro para contar no samba."

O problema, segundo ele, é de valorização do patrimônio. "Os poucos que estão vivos não são valorizados. Estou com 72 anos, quem vier me oferecer um troféu eu mando enfiar naquele lugar. Quero respeito e direito de outro jeito, de fato. Todo domingo eu tirava o botijão de gás da minha casa para levar para quadra da Vai-Vai para a gente fazer samba e poder fritar peixe para comer. Ninguém tinha dinheiro. Hoje o assunto é outro, é só apartamento de luxo", reclama.

"Até o Demônios da Garoa, morreram os velhos, perderam a ginga, a interpretação e as canções do Adoniran. Perderam as músicas de São Paulo, que fala dos nossos bairros, das nossas mulheres. Hoje, o samba é igual ao sertanejo, que não existe mais. O que existe são músicas bregas e românticas, que só falam coisas como ‘meu amor me deixou'", completa.

Programação

Quinteto em Branco e Preto convida Virgínia Rosa e Célia. Quarta, às 21h.

Fabiana Cozza convida Adriana Moreira e Tereza Gama.Quinta, às 21h.

Samba dá Cultura, Maria Cursi, Samba da Tenda e Pagode da 27.Sexta, às 21h.

Ana Elisa, Elizeth Rosa, Graça Braga, Railídia e Dona Inah.Sábado, às 21h.

Toinho Melodia, Chapinha, Osvaldinho da Cuíca e Velha Guarda da Camisa Verde e Branco. Domingo, às 20h.

No Auditório Simón Bolívar do Memorial da América Latina - Avenida Auro Soares de Moura, 664, São Paulo. Tel.: 3823-4600. Ingr.: R$ 6.

Comunidade Samba da Vela, Graça Braga, Tia Cida de São Matheus e Samba da Laje. Dia 20, às 19h.

No Auditório do Ibirapuera - Avenida Pedro Álvares Cabral, São Paulo. Tel.: 3629-1014. Ingr.: R$ 20.




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