D+ Titulo
Fala, Jairo!
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
01/08/2010 | 07:16
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Há quase duas décadas, ele responde às dúvidas de adolescentes sobre sexualidade e comportamento. Jairo Bouer - ou simplesmente Dr. Jairo -, 44 anos, acredita que algumas coisas mudaram na vida do jovem; outras nem tanto. "Hoje, ele é mais plugado, informado, precoce em relação a sexo, contato com drogas, tomada de decisões. Mas, apesar de todas essas mudanças, acho muito parecido com o das gerações anteriores". O psiquiatra tem jeito de garoto, mas rotina de adulto. Além da TV, está na rádio, internet e no jornal impresso. Apesar da correria, o D+ conseguiu bater papo com ele antes de uma das gravações do Ao Ponto. Confira:

O adolescente de hoje é diferente do das últimas décadas?
Há diferenças, mas em essência é parecido. A adolescência tem algumas características que independem do momento histórico. Nesses últimos 20, 30 anos, as dúvidas, angústias, transformações continuam iguais.

O que mudou?
O jovem de hoje enfrenta alguns fenômenos que os do passado não, como a internet, a rapidez na comunicação, fazer muitas coisas juntas. Está plugado a vários locais ao mesmo tempo. A composição da família tradicional mudou muito. O adolescente fica mais cedo sozinho, é obrigado a tomar decisões precocemente.

As dúvidas são as mesmas?
Parecidas, mas algumas coisas mudaram. Há vacina para HPV, tratamento eficaz para a Aids, pílula do dia seguinte. Não falávamos nisso.

Os homossexuais enviam mais questões?
Recebemos muitas, mas não acho que o fenômeno aumentou. Talvez as meninas se permitam mais experiências do que antes, mas não significa que serão homo ou bissexuais. Os meninos não têm a mesma tolerância, por causa do machismo. Hoje, muitos se assumem mais cedo, mas ainda rola preconceito. O jovem que tem dificuldade de aceitação se expõe mais a situações de risco.

O adolescente sabe lidar com a liberdade sexual?
De maneira geral, tem mais tranquilidade, começa a vida sexual mais cedo. Mas ainda há muitos com problemas, dificuldades e timidez. Ter vida sexual não significa que está maduro para administrar o que está acontecendo.

É difícil conquistá-los?
Depende de cada um. A naturalidade ajuda a se aproximar. É preciso entendê-lo como capaz de tomar decisões, se responsabilizando pelas coisas. Tem de tentar diálogo horizontal, sem dizer ‘Olha, eu sou experiente e você não sabe nada'. É mais troca. Assim flui.

Algo o assusta nessa geração?
São muito informados. A gente se assusta com as coisas que sabem e como conseguem chegar ao que interessa. Descobrem tudo o que querem. Às vezes, isso me espanta.

Isso é bom?
Legal por um lado, mas pode expor o jovem a situações complicadas. Outro problema é a necessidade que muitos têm de aparecer e se exibir. Isso pode trazer problemas. É preciso ser responsável pelas escolhas, como usar ou não camisinha.

O que mais admira neles?
A capacidade de transformação e adaptação e o gás que eles têm. É uma fase muito criativa da vida.

Onde se informar
Em geral, as UBSs da região têm profissionais que dão orientação sobre sexualidade na adolescência. Há ainda os programas sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids. Confira mais:

Santo André
Pelo telefone 4433-3055 é possível se informar sobre os Programas de Saúde da Juventude e DST/Aids.

São Bernardo
Orientação no Caism (Rua Barão do Rio Branco, 45). O Programa de DST/Aids (Av. Armando Ítalo Setti, 402) faz o teste rápido para detectar HIV.

São Caetano
Três locais oferecem ajuda: Programa DST/Aids (Rua Rodrigues Alves, 93), Comjuv (Rua Serafim Constanstino, Terminal Rodoviário) e Unidade de Saúde da Criança e do Adolescente (Rua Goitacazes, 301).

Mauá
Orientação no Centro de Referência em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (Rua Luiz Lacava, 229, tel.: 2375-7220).

Ribeirão Pires
No Ambulatório de Infectologia (Av. Francisco Monteiro, 205) é possível fazer exame de HIV. Há ainda o Disque DST/Aids 0800-7731661.

O estagiário
Na adolescência, Renan Laviano, 21, ouvia Jairo pelo rádio. Agora, interpreta o estagiário do psiquiatra no Ao Ponto. Mais do que ajudá-lo, ele é ótimo em botar lenha na fogueira nas discussões do programa. "Nossa missão é passar informação com entretenimento."

Na nova fase, Renan também fará reportagens na rua. "Trabalhar com o Jairo é doideira. Como o mundo gira e é pequeno, muitas vezes entrevisto alguém que admiro. Assistia ao Castelo Rá Tim Bum e hoje estou aqui. Só não vi ainda o Doug Funnie pelos corredores", brinca.




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