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FMI volta a críticar Argentina após pagamento antecipado de dívida
Da AFP
09/08/2006 | 20:00
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O FMI advertiu nesta quarta-feira a Argentina sobre o perigo de sua política de controle dos preços para conter a inflação, retomando as críticas ao governo do presidente Néstor Kirchner oito meses depois do pagamento antecipado da dívida argentina ao FMI.

"Os diretores consideraram que as medidas administrativas adotadas para controlar a inflação só oferecem benefícios temporários", alertou o FMI no "artigo quarto" de seu informe anual, no qual avalia a situação da economia da Argentina.

"Alguns diretores (do Fundo) apoiaram o uso a curto prazo destas medidas para conter expectativas inflacionárias", acrescentou a instituição, à qual Buenos Aires pagou antecipadamente em janeiro sua dívida de US$ 9,53 bilhões, livrando-se de suas severas exigências para conseguir um novo programa.

Mas "a maioria dos diretores aconselhou que medidas administrativas deste tipo sejam suspensas o mais rapidamente possível, já que a decisão de controlar os preços nas indústrias, fazer acordos seletivos sobre preços e limitar as exportações pode acabar forçando os limites da capacidade em setores chaves e prejudicar o setor empresarial", advertiu o Fundo.

O governo de Kirchner aplica desde dezembro uma ativa política de negociações com empresas e setores formadores de preços num esforço para desativar expectativas inflacionárias.

O FMI sublinhou, no entanto, que a inflação permanecia "alta" na Argentina e previu que poderia alcançar 12% no fim deste ano, descartando que se trata de um fenômeno temporário e atribuindo a "um crescimento ao qual não correspondeu uma oferta suficientemente rápida".

Para enfrentar o principal perigo para o país sul-americano, que sofreu uma das mais severas crises de sua história em 2001-2002, o Fundo recomendou um ajuste nos gastos do Estado "para reforçar a política fiscal" e subir as taxas de juros.

O Fundo pediu "uma maior flexibilidade nos tipos de câmbio", antes de advertir que se a Argentina não o fizer "poderá aumentar significativamente o custo econômico de reduzir a inflação e deixar a economia vulnerável a choques".

Em seu informe, os diretores do Fundo não esqueceram de mencionar os detentores de bônus, que não aceitaram a troca da dívida oferecida pela Argentina há um ano. O FMI aconselhou "o governo a buscar uma solução consensual para a moratória aos credores privados e públicos", que representam 33,93% dos detentores de bônus.

Entre as avaliações positivas da economia argentina, que continua crescendo fortemente há três anos, o Fundo sublinhou que melhorou a situação social do país, com uma redução da pobreza que passou de 57% em 2002 para 34% no final do ano passado.




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