Cultura & Lazer Titulo
Arte brasileira é exposta na Austria
Do Diário do Grande ABC
03/12/1999 | 16:37
Compartilhar notícia


A arte brasileira ocupa, a partir do dia 15, a histórica Academia de Belas Artes de Viena, a convite da curadora Monika Knofler. Sao duas as exposiçoes levadas à capital austríaca com patrocínio do Banco do Brasil e da Gráfica Takano: Alegorias Brasileiras, que reúne 26 fotomontagens de Luiz Monforte, e Jovem Gravura Brasileira, com um time de dez grandes gravadores, entre eles Cláudio Mubarac, Marco Buti e Rosana Monnerat. Na primeira mostra, Monforte lança um catálogo de 80 páginas sobre sua obra com textos assinados pelo poeta Décio Pignatari, o designer Giorgio Giorgi e pela gravadora Daniela Kutschat, integrante da segunda mostra.

Fundada em 1689, a Academia de Belas Artes de Viena, que tem a segunda maior coleçao de gravuras do mundo, expoe pela primeira vez artistas brasileiros. A mostra individual de Monforte segue para a Eslovênia, Paris e Londres após a temporada vienense. As gravuras de seus colegas serao vistas apenas em Viena. Selecionados por Monforte, sao estes os nomes dos integrantes da exposiçao, além dos quatro anteriormente citados: Cláudia Jaguaribe, Renata Castello Branco, Tatiana Blass, Gabriel Borges, Davi Magila e Takashi Fukushima.

Monforte, que também lança em Viena um CD-ROM com música do compositor santista Gilberto Mendes, foi convidado pela curadora Monika Knofler para traçar um panorama da gravura contemporânea brasileira. Nascido em Santos há 50 anos, Monforte representou o Brasil na última Bienal de Artes Gráficas de Liubliana, em 1997, na Eslovênia. Foi lá que a curadora austríaca viu seus trabalhos, que agora fazem parte do livro "The Art of the Enhanced Photography", da dupla James Luciana e Judy Watts, lançado este ano.

Ele vai mostrar na Academia de Belas Artes de Viena uma série de 26 fotomontagens da série "O Jogo da Amarelinha", trabalho de tese sobre a brincadeira infantil como manifestaçao universal. Monforte foi buscar numa série de Dürer o ponto de partida da série, que avança e passa pela montagem pop de Rauschenberg. Mas, como Rauschenberg, que passou por Schwitters levando na bagagem a carga do expressionismo abstrato, a colagem de Monforte pretende nao ser apenas uma experiência formal.

O artista esclarece que chegou ao jogo da amarelinha por intermédio de um texto de Walter Benjamin, "Brinquedos e Brincadeiras", criando fotomontagens que traçam uma correspondência visual desse ensaio sobre a gênese do signo simbólico, "o nutriente da essência da alegoria". Essas fotomontagens em tiragem única e técnica mista fazem uso do processo tradicional e digital de criaçao de imagens, fixadas em papel artesanal e sobrepostas "numa avalanche de informaçao visual", segundo o artista. O espectador busca decifrar essa alegoria, ou pelo menos encontrar um significado específico, mas ao artista interessa principalmente a manipulaçao dessas imagens.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;