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Ranger pode ir para a guerra no Afeganistão
Do enviado especial ao Rio
03/11/2001 | 20:55
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“A tropa de Forças Especiais brasileira é altamente técnica e profissional”, afirmou o major Brett Barraclough, 40 anos, veterano das guerras do Golfo e do Panamá. Ele é um ranger, integrante de uma das mais respeitadas tropas de elite dos Estados Unidos, empregada hoje no Afeganistão. No próximo mês, Barraclough completará um ano de intercâmbio no Brasil. Fará as malas e, muito provavelmente, integrará o front de batalha contra o Talibã na Ásia Central.

Barraclough define os rangers como uma tropa de choque. “Atacamos pontes e aeroportos em missões consideradas de alto grau de complexidade e risco. Nossas ações são muito parecidas com as da tropa de comandos brasileira”, comparou o major, que fala fluentemente o português e o alemão.

Ranger desde 1987, esse oficial do Estado da Pensilvânia também já serviu em Savana, na Geórgia, e foi comandante da 1ª Companhia da Equipe de Pára-Quedistas na Itália. “É uma honra para mim estudar aqui no Brasil”, afirmou. “Estou certo de que o tempo que passei aqui será importante para novas oportunidades em minha carreira militar.”

Casado, pai de quatro filhos, Barraclough perdeu a conta do número de vezes em que viveu situações de risco. “É difícil compreender, mas isso faz parte de minha vida. Desde que me formei encaro as missões como um dever que tem de ser cumprido”, disse. “Minha esposa tem me apoiado até agora. Quando você é militar, passa a encarar o Exército como uma grande família, uma equipe.”

Segundo o major, o curso de ranger é voltado para oficiais e dividido em três etapas. Na básica, são seis meses na infantaria. Também é preciso ter curso de pára-quedista, que dura três semanas. “O curso de ranger, especificamente, dura de quatro meses a um ano”, afirmou Barraclough.

Brasil – Questionado se o país havia recebido solicitação norte-americana para combate ao terrorismo, como troca de informações via inteligência do Exército, ou se há possibilidade de facções terroristas ligadas ou não ao grupo Al-Qaeda terem ramificações em território nacional, o coronel Claudio Barroso Magno Filho, comandante do 1º Batalhão de Forças Especiais, respondeu: “O tema não é de nossa competência e é de caráter sigiloso, sendo tratado diretamente pelo Ministério da Defesa”.

Na opinião de Magno Filho, a estratégia de ataque norte-americano é coerente. “Mas o êxito dependerá fundamentalmente do combate terrestre, com grande participação das Forças Especiais aliadas e das Forças Irregulares dos Talibãs (Aliança do Norte)”, disse.

Da mesma forma que o major Barraclough, anualmente os quadros do batalhão de Forças Especiais brasileiros participam de intercâmbios e cursos em tropas especiais estrangeiras. Um oficial das F.E. brasileiro tem entre 25 e 35 anos de idade. Sua permanência e participação em operações obedece a um período médio de dez anos.

Devido ao alto grau de risco das missões, o coronel foi questionado se, no caso de morte, a família tem acesso a detalhes da operação e se o país tem algum período dentro do qual um oficial não pode dar detalhes dela. Respondeu: “O relacionamento com familiares é transparente, embora subordinado aos interesses maiores da Nação. Missões envolvendo Forças Especiais são sigilosas. Nenhum detalhe ou circunstância é revelado aos órgãos não envolvidos”.




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