O líder da oposição da Ucrânia, Viktor Yushchenko, desfruta nesta terça-feira de sua vitória quase certa sobre o candidato do governo, Viktor Yanukovich, depois do debate televisivo realizado na segunda-feira, a poucos dias do novo segundo turno presidencial.

Yushchenko dominou Yanukovich durante as quase duas horas de debate televisivo, que tinha o objetivo de ajudar os ucranianos a decidir por um candidato para o "terceiro turno" de domingo, segundo a maioria dos analistas.

"Não foi um nocaute, mas sem dúvidas (Yanukovich) ficou fora de combate", afirma Vladimir Polokhalo, editor de uma revista política.

"Yushchenko já se sente o vencedor, sente que será o presidente da Ucrânia. Ao olhar para Yanukovich se podia ver um perdedor que não tem ilusões sobre sua derrota", disse.

Yushchenko se mostrou confiante, calmo e com moral alta ante um Yanukovich resignado, que titubeava e parecia conformado em aceitar a derrota.

O líder da oposição, de 50 anos, se fixou em uma mensagem simples: "Você tentou roubar a eleição passada, enquanto eu nunca roubei nada em minha vida".

"Há apenas uma razão pela qual estamos aqui: a eleição de 21 de novembro foi roubada por meu opositor e sua equipe", ressaltou Yushchenko em suas declarações iniciais, numa referência à votação vencida por seu adversário, mas anulada por causa das fraudes em massa.

"Nunca roubei nada em minha vida, nunca fui processado, levei uma vida honesta", ressaltou Yushchenko em várias oportunidades, em referência às duas acusações criminais contra Yanukovich durante sua juventude.

O primeiro-ministro, de 54 anos, passava de uma idéia vaga para outra, sempre tentando se distanciar do governo, que o apoiou nas votações anteriores mas que agora se afastou dele.

"De fato dividimos a Ucrânia. Temos que nos sentar e discutir como viver depois das eleições", disse Yanukovich.

A menos de uma semana do novo segundo turno de 26 de dezembro, os dois rivais estão em posições muito diferentes do que antes da eleição de novembro. Agora, o pró-ocidente Yushchenko é o grande favorito sobre o pró-russo Yanukovich.

A oposição organizou grandes protestos contra o resultado do segundo turno de 21 de novembro e, com sua "revolução laranja", conseguiu anular a votação.

A crise dividiu o país em dois campos polarizados: um de língua ucraniana, nacionalista e ocidental que apóia Yushchenko, e outro de língua russa, industrial e que apóia Yanukovich.

"Já é hora do presidente de uma Ucrânia independente deixar de ser eleito por Moscou", concluiu Yushchenko.