Belém comemora nesta sexta-feira mais um Natal com milhares de cristãos, ainda que o número seja inferior ao esperado, apesar de Israel ter suspendido restrições e da presença de representantes da Autoridade Palestina.
A cidade onde Cristo nasceu deve receber 5 mil cristãos, palestinos e estrangeiros - um número insignificante comparado às milhares de pessoas que andavam por suas ruas antes da Intifada.
A procissão tradicional do patriarca latino Michel Sabbá saiu de Jerusalém no final da tarde desta sexta-feira escoltada por policiais a cavalo até sua chegada à região autônoma palestina de Belém.
O patriarca celebrará a missa da meia-noite na igreja da Natividade, em frente à praça do presépio, que está enfeitada com uma árvore de Natal tradicional, cheia de guirlandas.
Sabbá declarou na terça-feira que a barreira construída pelo Estado Hebreu na Cisjordânia transformou Belém uma "prisão gigante".
Cercada pelo Exército israelense, a região autônoma de Belém, que possui 47 mil habitantes, em sua maioria muçulmanos, é atravessada por 10,4 km do muro que Israel diz ter construído para impedir ataques palestinos em seu território.
As autoridades ocupantes israelenses anunciaram nesta sexta-feira uma redução dos controles militares da Cisjordânia para facilitar a chegada de peregrinos e turistas a Belém para o Natal.
O Exército israelense e a administração militar anunciaram também que os cristãos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza seriam autorizados a ir à cidade, entretanto as barreiras seriam mantidas na sua entrada.
O Exército reduziu também os controles para permitir a chegada dos peregrinos e turistas procedentes de Israel e de países estrangeiros a Belém.
Pela primeira vez desde setembro de 2001, o mais alto representante palestino, o chefe da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Mahmud Abas, poderá assistir à missa da meia-noite em Belém.
Nos últimos três anos, Israel não autorizou seu antecessor, Yasser Arafat, a ir às cerimônias.
No plano político palestino, o Fatah conseguiu a maioria das cadeiras dos 26 conselhos municipais eleitos nesta quinta-feira na Cisjordânia, desbancando o Hamas, que participava pela primeira vez das eleições palestinas.
Entretanto, o Hamas venceu o Fatah em alguns locais, como o setor de Belém (sul da Cisjordânia) e Nablus (norte). A taxa de participação foi de 84%, de um total de 140 mil palestinos que foram convocados a votar.
As eleições aconteceram duas semanas antes da votação presidencial, boicotada pelo Hamas, que decidirá a sucessão de Yasser Arafat na chefia da OLP.
No terreno, três combatentes palestinos morreram nesta sexta-feira de manhã, abatidos por soldados israelenses durante uma incursão no acampamento de refugiados de Tulkarem, no norte da Cisjordânia.
Iyad Ranen, 20 anos, Kamel Sabarini, de 19, e Jamal Azzam, de 20, das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, grupo armado ligado ao Fatah, morreram em um tiroteio com armas automáticas.
Com essas mortes, aumenta para 4.643 o número de vítimas mortais desde o começo da Intifada, no final de setembro de 2001, dos quais 3.598 são palestinos e 970, israelenses.
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