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De bem com meio ambiente
Sueli Osório
do Diário do Grande ABC
07/09/2011 | 07:07
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Silêncio. Isso é o que mais chama a atenção ao sentar no Nissan Leaf, pisar no freio e acionar no painel o botão que dá a partida no motor elétrico. A reação inicial é perguntar ao assessor de imprensa que me apresenta o carro: "Está ligado mesmo?" A resposta é ‘sim'.

Fora e dentro do veículo 100% elétrico produzido em Oppama, no Japão, tudo é pensado para economizar energia. O design, por exemplo, foi concebido para diminuir o atrito do vento na carroceria e, com isso, reduzir a intensidade com que se precisa pisar no acelerador. Entre os recursos utilizados está o formato diferenciado dos faróis, que faz com que o atrito do vento nos retrovisores externos - um dos piores pontos quando se pensa em ter eficiência aerodinâmica - seja menor.

O Leaf é um hatch médio com capacidade para cinco pessoas - com tamanho similar ao do Nissan Tiida -, e seu motor elétrico gera 107 cv de potência e torque de 28,5 mkgf. Detalhe: todo esse torque já está disponível desde o início, proporcionando aceleração suave e constante.

Coloco a manopla do câmbio na posição D (drive) e saio pela Marginal do Rio Pinheiros, em direção ao Diário. Em meio ao trânsito, os únicos ruídos que ouço são o do atrito dos pneus P205/55R16 com o asfalto e o dos outros veículos ao redor, com motores a combustão. A condução é idêntica à de um carro convencional, e o modelo responde bem aos comandos do pé direito no acelerador.

O interior é espaçoso, com ar futurista. O painel tem iluminação na cor azul. O tecido dos bancos, em cor clara, é parcialmente feito de materiais reciclados. Esse tipo de material também é usado para o acabamento das portas, do teto e do carpete.

Para ser ainda mais econômica, utilizo o modo Eco, que garante mais autonomia. Alimentado por módulo de bateria de íon-lítio de 90 quilowatts de potência e 24 quilowatts hora de energia, o Leaf tem autonomia de 160 quilômetros com uma única carga. As baterias ficam sob o assoalho.

Com três tipos diferentes de recarga, o elétrico pode ter as baterias 100% recarregadas em oito horas, ou ainda ter 80% da carga em apenas 30 minutos. Para isso, é preciso plugar o modelo a uma tomada trifásica. Segundo estudos da montadora, o gasto para recarregar o carro verde corresponde a um terço do custo atual de outros combustíveis, como a gasolina.

No caminho, o carrinho japonês chama a atenção. Vários pescoços viram-se para vê-lo melhor. Faço um pit stop em casa para almoçar e levar meu filho de 9 anos à escola. Ao entrar no carro, ele comenta: "Mãe, que carro legal! Vamos trocar o nosso por esse aqui?" Aviso que o modelo ainda não é vendido aqui. Desde o ano passado, ele é comercializado apenas no Japão, Estados Unidos e em alguns países da Europa. Em solo norte-americano, custa US$ 32,7 mil - o equivalente a cerca de R$ 52 mil -, sem contar os descontos oferecidos pelo governo local, que está incentivando carros elétricos tanto para indústria como para o mercado.

 

Frenagem alimenta bateria

 

No Nissan Leaf, a força de frenagem não é desperdiçada como em um veículo convencional. Ela é utilizada para alimentar novamente a bateria. Ao acionar os freios ou reduzir a velocidade tirando o pé do acelerador, o motor elétrico atua como um gerador elétrico, convertendo a energia que seria perdida em energia para a bateria.

Para aumentar a frenagem regenerativa, há uma configuração de modo Eco controlada pelo motorista, que também pode ser utilizada para reduzir o ar-condicionado e, dessa forma, melhorar a autonomia ao dirigir em áreas urbanas.

PREPARAÇÃO

Antes de comercializar o modelo elétrico, a Nissan está incentivando a preparação das cidades para recebê-lo. Além de incentivos fiscais, instalação de postos de recarga e mudanças nas regras de comercialização de energia elétrica, são necessários outros fatores. Ao todo, foram firmados mais de 90 acordos de intenção para viabilidade do carro elétrico, inclusive com a prefeitura de São Paulo e a AES Eletropaulo (apesar do sucateamento do sistema).

Entre os pontos a serem analisados estão a implementação e a manutenção de rede de recarga, incentivos que facilitem a adoção de carros elétricos e campanhas educativas sobre as vantagens para a população e o meio ambiente.




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