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Laudo reconhece riscos no Inamar; especialista fala em imprudências

Estádio de Diadema não tem para-raios suficientes; caso na Copinha poderia ser fatal

Dérek Bittencourt
16/01/2019 | 07:00
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Divulgação/Água Santa


O raio que atingiu o Estádio do Inamar durante o jogo entre Água Santa x Atlético-MG, pela terceira fase da Copa São Paulo de Futebol Júnior, na segunda-feira, poderia ter sido fatal. Na ocasião, dois jogadores (o zagueiro Henrique, do Netuno, e o goleiro Matheus Mendes, do Galo) sentiram mal-estar após o impacto, mas se a descarga elétrica tivesse caído em campo, tragédia poderia ter acontecido em Diadema. Isso porque a praça esportiva não conta com para-raios em todo seu entorno – apenas atrás dos setores 1 e 4 de arquibancadas, segundo laudo de engenharia (aprovado com restrições), disponível no site da Federação Paulista de Futebol.

A pedido do Diário, o coordenador do grupo de eletricidade atmosférica do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Osmar Pinto Júnior, analisou o documento e observou falhas. “Em estádio como este, ter para-raios apenas de um lado é fora dos padrões esperados, então o risco é maior. Por aí (laudo) a gente vê situação inadequada. Deveria haver dos quatro lados do estádio”, declarou.

“Mesmo em estádios onde há arquibancada em todo o redor ou torres de iluminação com para-raios, os jogadores que estão no centro correm risco. Os para-raios, apesar de grande invenção, não protegem 100%. Dependendo da altura e da posição, varia entre 95%, 98%, nunca 100%”, explicou. “Não posso dizer que está ilegal, porque uma coisa é aquilo que é exigido. Mas o legal e o correto são diferentes e não está correto”, continuou.

Aliás, ainda segundo o especialista, a imprudência também envolve o árbitro da partida, que deveria tê-la interrompido antes. “A recomendação é que interrompa de imediato e aguarde melhorar as condições. Nunca continuar o jogo numa situação como aquela.”

Os engenheiros que assinam o laudo – com validade de dois anos a partir de 8 de novembro de 2017 –, Ansel Lancman e Ismael Mendonça Rezende, solicitaram “adequação ao SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas)”, considerando um grau de risco “regular” e pedindo como providências de “aterramento junto aos setores 2 (arquibancada desativada) e 3 (ao lado das cabines de imprensa e camarotes)” em até 60 dias. Ou seja, o prazo expirou há um ano.

A diretoria do Água Santa não atendeu ou respondeu aos contatos da equipe de reportagem. A partir do fim de semana, o Inamar será palco dos jogos do Netuno na Série A-2.

OUTROS ESTÁDIOS
O Anacleto Campanella, de responsabilidade do São Caetano, tem para-raios ao redor de todo o campo e a estrutura foi laudada “em boas condições”. No 1º de Maio, que também conta com estruturas em volta do estádio, teve de arrumar as hastes no mês passado, aterrá-las e testá-las para novo laudo (o São Bernardo FC afirma ter gastado R$ 9.000 com a obra). O Bruno Daniel, em Santo André, tem para-raios novos em cima das quatro torres de iluminação. O Baetão, por fim, palco dos jogos do EC São Bernardo na Série A-3, tem aterramento dos postes que sustentam os refletores, mas não conta especificamente com para-raios. Ainda assim, teve laudo aprovado e está liberado para jogos. 




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