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Coração corintiano fica no Parque
Luís de Oliveira
Especial para o Diário
18/02/2001 | 21:21
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Faz 75 anos que o Corinthians comprou dos comerciantes sírios Nagib Salem e Assad Abdalla a área do Parque São Jorge, então com um simples campo de futebol em que o Esporte Clube Sírio mandava seus jogos do Campeonato Paulista. O time corintiano começou a jogar no Parque em 1928, após a construção de uma arquibancada de madeira, e o clube passou a ampliar seu patrimônio, na Zona Leste da cidade de São Paulo. Agora, enquanto a Hicks, Muse, Tate & Furst, patrocinadora do Corinthians, garante que o futuro estádio do clube ficará pronto dentro de apenas dois anos, na altura do km 16,5 da Rodovia Raposo Tavares, parece não haver dúvidas de que o coração corintiano não vai trocar a Zona Leste pela Oeste.

O moderno e grande estádio prometido pela Hicks Muse está no contrato assinado entre o clube e a patrocinadora há quase dois anos. Mas o Corinthians, que nasceu pobre, sob a luz de um lampião, no bairro do Bom Retiro, em 1910, e mandou seus jogos durante algum tempo num campo da Floresta (região da Ponte Grande, onde hoje existe o Clube de Regatas Tietê) consolidou-se como uma instituição da Zona Leste. O Parque São Jorge está ganhando obras, com uma moderna sede social em fase de conclusão e com planos do presidente Alberto Dualib de ampliar ainda mais o conjunto de piscinas.

O velho estádio, reformado nos anos 80, quase não é usado para jogos, mas permanece como uma espécie de relíquia, tão valiosa quanto os troféus mantidos na galeria do segundo andar do ginásio de esportes. O time de Wanderley Luxemburgo treina no parque, mas também usa o Centro de Treinamento de Itaquera, uma área de 200 mil metros quadrados cedida pela Prefeitura de São Paulo em 1979 para a construção de um estádio para 200 mil habitantes.

O estádio não saiu do papel, embora a estação de metrô, ali ao lado, tenha o nome de Corinthians-Itaquera, mas o clube pelo menos preparou o terreno para um campo de treinos, construiu 22 apartamentos para alojar atletas e fez um centro de fisioterapia. Parque São Jorge, Itaquera e Parque Ecológico do Tietê formam o tripé do Corinthians na Zona Leste.

Esse futuro estádio pode ser mesmo aquele em que o Corinthians mandará seus jogos, para ser um “dono da casa”. Mas essa obra servirá também para receber espetáculos, como grandes shows musicais, e até convenções religiosas. Se um dia o Corinthians brigar com a Hicks Muse, como o Palmeiras rompeu com a Parmalat e o Vasco afastou-se do Bank of America, o clube não ficará na rua: sua verdadeira casa é o Parque São Jorge, no Tatuapé, na Zona Leste.

Afinal, para um clube quem tem grande torcida e tornou-se o primeiro campeão mundial da Fifa, estádio moderno pode não ser a maior ambição: interessam as vitórias e os títulos de futebol que acabam perpetuados.




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