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'O Clone' estréia com 47 pontos de audiência
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
02/10/2001 | 19:59
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Deus e ciência começaram na segunda-feira um duelo sob o sol na novela O Clone, da Rede Globo. Na estréia, média de 47 e picos de 53 pontos de audiência no ibope. O número é igual ao registrado no início da novela anterior, Porto do Milagres (com 47), que por sua vez pegou carona na grande audiência de Laços de Família, essa com 44 na estréia, média de 59 e picos de 64 pontos. Nada mal para a história de Glória Perez, que contou com um marketing indireto sem custos para a emissora: pelos motivos conhecidos, nunca se falou tanto em islã.

O primeiro capítulo de O Clone disse a que veio. Iniciou os espectadores nos costumes muçulmanos, marcantes na novela, e no debate sobre clonagem humana. A novela se passa nos anos 80 nesta primeira fase. Em visita ao Marrocos, Albieri (Juca de Oliveira), cientista brasileiro, diverge sobre clonagem com o amigo Ali (Stênio Garcia), patriarca de uma família muçulmana. Mas foram as atrizes que se destacaram mais no núcleo islâmico, com Giovanna Antonelli (Jade) e Letícia Sabatella (Latifa) como jovens primas, antagônicas em seus costumes islâmicos.

Jade se muda para o Marrocos, passa a morar na casa de seu tio Ali, depois de ficar órfã no Brasil. Menos arraigada no islã do que a prima, ela sente na pele a força da tradição quando Lucas (Murilo Benício) a surpreende quase “despida” – segundo leis muçulmanas, fazendo a dança do ventre para as mulheres da casa. “Cubra-se. Suja”, afirmou Ali, antes de acertar-lhe o rosto com um tapa. Foi o fim do capítulo e o início de um romance de fortes barreiras culturais.

Com Vera Fischer como Ivete, espera-se tudo, da fala portunhol italianada em uma cena quase cômica, ao vestido decotado e fendido, revelando toda a sensualidade da diva. De cara, ela partiu para cima de Diogo, irmão gêmeo de Lucas, sem saber que se tratava do filho de seu noivo, Leônidas (Reginaldo Faria).

Na ala masculina, os veteranos deram shows individuais, enquanto Benício se mostrou insosso em dose dupla. Só a clonagem para tentar melhorar seu desempenho nos próximos capítulos, já que Diogo, que morrerá em breve, é a menina-dos-olhos do padrinho Albieri. Ao contrário, os efeitos visuais que reúnem os dois personagens de Benício em cena são tecnicamente muito bons.

A fotografia foi destaque nas seqüências nos países árabes, especialmente nas passagens de cena, realçando cenários naturais quase de forma artificial. A música tema Sob o Sol, de Marcus Viana, é cantada por Malu Aires na abertura de Hans Donner, que mostra a duplicação de um homem nu, uma metáfora da criação.

Clonar uma pessoa seria milagre de Deus ou cilada da vaidade humana? Essa discussão teve como cenário o Egito. Lá, Albieri afirmou para os gêmeos: “Clonar é permanecer eterno”. Disse isso na terra que tentou vencer o tempo, com múmias, e diante da Esfinge, cujo enigma “Decifra-me ou te devoro” é o sentido da vida: nascer, viver, envelhecer e morrer.




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