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Goleiros trocam
as luvas por livros
Dérek Bittencourt
Thiago Silva
29/08/2011 | 07:42
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A vida útil de um jogador de futebol depende muito de lesões, cuidados dentro e fora do campo e biotipo, mas não vai além de 20 anos. Desta forma, próximos das 40 primaveras, a maioria dos atletas que não conseguiu o pé de meia recheado vai atrás de oportunidades que, por falta de qualificações, por vezes demoram a aparecer. Para evitar tal cenário, os goleiros Wilson Júnior, do São Bernardo, e Gustavo, do Santo André, deixam as luvas de lado e no período da noite vão para a faculdade.

Formado bacharel de Direito no ano passado, Gustavo ingressou em 2011 em dois cursos: faz Educação Física e pós-graduação em Administração. "A carreira é curta e nunca sabemos se vamos ser bem sucedidos ou não. Todo atleta tem de ser bem esclarecido, porque somos formadores de opinião. É preciso saber se portar, negociar o contrato, falar o português correto nas entrevistas, ter conhecimento dos direitos e deveres... Tudo é fundamental", disse o jogador, 30 anos.

Para Wilson Júnior, 34, estudante do primeiro ano de Gestão Esportiva, quem pretende seguir a carreira no futebol, após a aposentadoria nos campos, não pode se contentar apenas em atuar com a experiência de jogador. "É necessário ter vida acadêmica porque abre os horizontes. Não adianta achar que apenas a vivência como atleta vai ajudar", frisou o arqueiro, que chegou a estudar um ano de Educação Física, quando estava no início de carreira, em 1996. "Sempre tive em mente a importância do estudo, mas naquela época (defendia o Corinthians) fui para o Atlético-PR e preferi parar os estudos porque ficaria complicado toda hora trocar de faculdade quando eu mudasse de clube", explicou.

Sem previsão de pendurar as luvas, o goleiro do São Bernardo garantiu que o desejo é atuar como dirigente. "Quero trabalhar na gestão do clube, como executivo do futebol. Sempre gostei desse trabalho de administrar e vou seguir assim quando encerrar a carreira de futebol", justificou.

Apesar do atual curso de Educação Física, Gustavo não pretende exatamente seguir como treinador de goleiros ou técnico de futebol. "Minha ideia é atuar na gerência. Me fascina. Aliás as experiências nas dificuldades vividas como jogador e o embasamento da faculdade me ensinam. Só a prática não significa nada sem teoria", explicou o arqueiro, que tem preferência por trabalhar no próprio Ramalhão. "Pretendo continuar e seguir carreira se possível no clube."

Na opinião do andreense, uma formação no ensino superior é totalmente necessária aos jogadores de futebol. Além disso, a desculpa de que não dá para conciliar a profissão e os estudos não é verdadeira. "O atleta não deve se achar acima do bem e do mal. Faculdade serve também para pôr o pé no chão. E esse negócio de que não dá tempo, só para os jogadores da Série A. Se tiver força de vontade, dedicação e estudar, não é necessário se utilizar do fato de ser atleta quando perde uma prova por causa de jogo."

Segundo Wilson Júnior, é pouco cansativo a rotina de treinos e faculdade, mas vale o esforço. "Tive dificuldade de pegar o ritmo, porém, tudo fica mais fácil quando você gosta do que faz. E eu me identifiquei muito com o curso, que abriu minha mente. Só confirmou o que esperava para meu futuro", garantiu.




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